Rankings nas escolas? Porquê?

Carlos Pinto

director do correio alentejo

No último fim-de-semana cumpriu-se uma “tradição” de há anos: a revelação, por parte da maior parte da comunicação social, dos rankings das escolas portuguesas, tendo por base os resultados dos exames realizados pelos alunos do 9º ano e do Secundário em 2016-2017. Ao longo de dois dias escalpelizaram-se resultados (sendo que cada órgão de comunicação social tinha a sua própria tabela), analisaram-se causas e efeitos dos mesmos, houve reportagens nas “melhores” e também nas “piores” escolas. Mas passado este frenesim, há uma questão que continua por responder: afinal, para que servem estes rankings?
A pergunta não surge por acaso. Afinal de contas, são muitos os responsáveis educativos que rejeitam este tipo de avaliação ao “rendimento” das escolas e até o próprio Ministério da Educação não reconhece este tipo de classificação. Mais uma vez, impõe-se que questionemos: para que(m) servem estes rankings?
Ao fim e ao cabo, a resposta talvez seja… para nada! Porque não é correcto proceder a este tipo de avaliações e análises tomando todos por igual, sem ter em conta os contextos sociais e económicos de cada aluno, as condições de cada estabelecimento de ensino e até a realidade de cada região. É que o ensino público é diferente do privado. O quadro que encontramos numa escola na zona da Boavista no Porto, frequentada por jovens provenientes da classe média-alta e com ambientes familiares sólidos e estruturados, nunca pode ser comparado com o quadro de um estabelecimento que apenas recebe alunos vindos dos bairros sociais de Setúbal. E a realidade de Évora nunca será igual à de Sabóia…
Em suma, os rankings das escolas, tal qual existem agora, de nada servem. Seria bem mais útil que se tirasse partido da informação recolhida para avaliar o que pode ser melhorado em cada escola e em cada contexto de ensino, em vez de andarmos a brincar aos “campeonatos das escolas”.

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