Quem pensou que o momento que vivemos passaria se estivéssemos todos fechados em casa durante quinze dias a ver séries da Netflix, a fazer bolos ou a pintar o quarto da criança, bem que pode tirar o cavalinho da chuva.
A nossa vida não voltará a ser como dantes, pelo menos até ser encontrada a vacina que nos proteja da calamidade que vivenciamos.
E, quando a pandemia der sinais de abrandar, teremos de enfrentar o pandemónio da catástrofe económica que: se para uns se avizinha, para outros já se instalou nas suas vidas.
Não é de bom tom ser juiz em causa própria, mas, à falta de melhor exemplo, deixo aqui o meu.
Tenho duas atividades: turismo e espetáculos. Todas as reservas que tinha até ao verão foram, naturalmente, canceladas e não prevejo a sua recuperação a curto prazo. As despesas vão continuar impiedosamente a cair na conta e as receitas evaporaram-se. Não é preciso ser um grande matemático para avaliar as previsões que se avizinham.
Na parte dos espetáculos a coisa ainda me parece bem pior. De um dia para o outro foram anuladas todas as apresentações em carteira, incluindo a do lançamento do trabalho discográfico que tínhamos acabado de produzir.
Como não vislumbro ajuntamentos nos próximos meses, estou em crer que as performances artísticas como as que conhecemos, vão demorar em regressar ao tempo pré-Covid-19.
Esta, foi a primeira das industrias a sofrer o abrupto impacto da pandemia que nos aflige e será a última a recuperar por razões óbvias. Entretanto, neste hiato, muita instabilidade se irá instalar.
Lá mais para o outono/inverno, ainda teremos uma segunda e, quiçá, uma terceira vaga do mesmo inimigo, com as consequências que daí advirão. Só para dar um exemplo: a Gripe Espanhola teve três ou quatro vagas entre 1918 e 1920.
Por outro lado, os responsáveis políticos portugueses têm-se portado à altura (exceptuando a Sra. Ministra da Cultura com o seu ‘Music Fest’, onde pretendia distribuir um milhão de euros a quem dele não precisava. Uma espécie de Robin dos Bosques… só que ao contrário! Tirando aos pobres para dar aos ricos!).
O Presidente, Governo e oposição têm feito um trabalho de grande serenidade e o povo tem correspondido, não lhes dificultando mais a vida. Os elogios chovem de várias latitudes, o que, para o nosso orgulho, é um bálsamo em tempos de incerteza.
Reconheço que a crónica que me tocou é pessimista e individualista e disso me penitencio. No entanto, alimento a esperança de estar completamente equivocado e acordar uma dessas vindouras manhãs com a notícia planetária de que a besta invisível foi dominada.
Até lá recomendo-lhe apenas uma coisa… Fique em casa, por amor a si e ao próximo.
Melhores dias virão!
O autor utiliza o novo
Acordo Ortográfico.