Ovibeja: sólida jangada

Quinta-feira, 17 Setembro, 2020

Mário Simões

A metáfora que escolhi para título pretende realçar a resistência da Feira do Alentejo – Ovibeja num espaço e num tempo mais propício à inacção. Mas, por outro lado, podemos interpretá-la como uma ameaça ao maior e mais bem conseguido evento cultural, recreativo e – porque não dizê-lo – político de todo o Alentejo deste mundo e um dos mais bem sucedidos do país.
Castro e Brito, em cada ano que passa, vai juntando mais cabelos brancos aos que já trazia do ano anterior, dadas as dificuldades cada vez maiores em realizar a grande feira do Alentejo. Ele sabe, porque vive os acontecimentos com intensidade, que a Ovibeja está ameaçada. Sempre esteve ameaçada. A Feira do Alentejo – Ovibeja, nunca deveria ter acontecido em Beja, quando Évora está a 80 quilómetros.
E no entanto, a desconsideração pelos baixo-alentejanos não se circunscreve ao mau-olhado que certas lideranças socialistas lançam quando contrafeitas são obrigadas a percorrer os stands da Ovibeja e observar a pujança da iniciativa, promovida por uma organização não-governamental.
Mas se não podem acabar, pelo menos tentam contrariar e atrasar o desenvolvimento da região. O aeroporto de Beja, assim como o projecto do Alqueva, simbolizam essa vontade de evitar a progressão do Baixo Alentejo.
Mas, no entretanto, o partido de Sócrates vai continuar a fazer o aproveitamento eleitoral das realizações pagas com o dinheiro dos contribuintes, engajando os que ainda acreditam que o primeiro-ministro personifica a imagem de um líder competente, defensor do Estado Social e de uma sociedade mais justa, fraseologia que o caracteriza.
A capacidade que tem revelado na mistificação dos factos ficará para a história como o político (?) que aos princípios e aos valores, bem cedo na sua governação, disse não.
Nesta “guerra de nervos”, que Sócrates alimenta como ninguém, Pedro Passos Coelho, o líder social-democrata, tem em mãos uma tremenda tarefa: combater o estilo que nos conduziu à bancarrota. A fórmula é simples: seriedade, muito trabalho e respeito pelos cidadãos e os seus problemas, sobretudo dos mais pobres. O problema é que os portugueses deixaram de acreditar na mensagem dos políticos. O mal que foi feito à sua credibilidade, por força do tacticismo de José Sócrates, implica um trabalho moroso e outra pedagogia, que fuja da promessa fácil e da mentira sistemática, que continuará a ser seguida até 5 de Junho.
O líder do PSD enfrenta um adversário que tem tanto de perigoso como de versátil, que recorre como ninguém ao jogo viciado que insiste em manter, pensando ele que é assim que assegura a sua sobrevivência.
Pedro Passos Coelho, por força das circunstâncias, é a derradeira esperança para os que anseiam que opção política volte a ser marcada pela nobreza e pela decência. Só a força do seu carácter, e a recusa sistemática dos golpes baixos e dos expedientes condenáveis, podem instituí-lo da autoridade moral que é vital para mobilizar os portugueses e devolver-lhes a esperança.
Sabemos que os tempos não estão de feição. Vivemos um período da nossa história em que o perigo do país descambar para o abismo, deixou de ser algo remoto para se transformar numa ameaça que podemos ter de um dia para o outro. Este terrível cenário vai obrigar-nos a suportar dificuldades extremamente dolorosas, logo que sejam anunciadas as medidas da “troika” que nas últimas semanas se dedicou a passar a pente fino as nebulosas contas da governação socialista.
É o tempo dos resistentes, de assumir, sem reserva mental, que Sócrates não pode fazer parte do futuro que se avizinha.
É tempo da política voltar às mãos dos homens e das mulheres de bem, e de devolver o respeito que é devido ao cidadão eleitor, a quem não compete apenas a inscrição de uma cruz num qualquer boletim de voto.
Acredito, porque sei de quem falo, que Pedro Passos Coelho possa fazer regressar a dignidade que perdemos aos olhos da Europa e do mundo, por força de um indivíduo empossado de primeiro-ministro que não soube ocupar o lugar. O tempo e o seu modo levaram a concluir que a chefia do Governo merecia outro tipo de ocupante e de desempenho.
A mudança, a mudança profunda, começa a 5 de Junho de 2011. Para assinalar no futuro, como uma data histórica.

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