Mais ação e menos conversa

Sexta-feira, 6 Setembro, 2024

Marcelo Guerreiro

Presidente da Câmara Municipal de Ourique

O atual Governo de direita, saído de uma vitória eleitoral que lhe concedeu uma pequena maioria parlamentar, sem condições de ser sustentável no suporte político às opções governativas, tem persistido em anúncios e intenções sem a consequente projeção na vida concreta das pessoas e dos territórios.
Não contentes por haver uma expetativa gerada com as eleições, são recorrentes na geração de novas expetativas, enquanto procuram destruir a governação anterior através de narrativas políticas à medida ou aproveitando as circunstâncias.
Ao fim de cinco meses, olhando para o Serviço Nacional de Saúde, para os serviços públicos e para temas como a imigração, as decisões consequentes são poucas e a degradação é crescente. O que falta em decisão consequente sobra em anúncios, em agressividade verbal e numa atitude mais próxima de quem tem uma maioria estável no Parlamento.
O Governo de direita governa nas margens de liberdade e de disponibilidade de recursos do anterior Governo do PS, sem cuidar de gerar condições de diálogo e de compromisso para viabilizar o próximo Orçamento de Estado, num momento em que abrandam as dinâmicas positivas da sociedade e da economia e aumentam os riscos.
Não é possível continuar a ampliar as expetativas sem gerar condições políticas para ser consequente na concretização de respostas e soluções, para o imediato e para os desafios estruturais que enfrentamos.
É preciso mais ação e menos conversa.
Nas Autarquias Locais, sabemos bem que quando a bota não bate com a perdigota, só pode acabar mal. O atual Orçamento de Estado, ainda aprovado pela maioria socialista, é positivo para as Autarquias Locais, mas existem sempre novos desafios e realidades que implicam novas respostas. Governar o país em duodécimos, sendo possível, nunca é a melhor solução, a menos que a resposta da direita seja a de se agarrar a um conjunto de opções ideológicas contrárias às necessidades do país, visto como um todo.
O Baixo Alentejo, de que Ourique faz parte, continua a precisar de respostas para os desafios estruturais, para as necessidades correntes (da Saúde à Educação) e para as novas realidades emergentes (da imigração à sustentabilidade). Se a realidade é dinâmica, a capacidade de decisão e os instrumentos ao dispor não podem ser estáticos, por teimosia de um Governo que parece ter maioria absoluta, mas é minoritário na casa da democracia, onde o essencial é aprovado ou validado.
Em breve, retomamos muitas rotinas escolares e laborais, também comunitárias, cuja preparação e respostas foram realizadas há meses, para que tudo possa fluir e funcionar. Muitas delas nem foram objeto de anúncio, mas de decisão, de mobilização de pessoas e recursos, de superação de bloqueios e de concretização. Por vezes, parece que falta a quem decide a experiência do concreto, da realidade do país, da vida das pessoas, das dinâmicas das comunidades e dos desafios das empresas e instituições. A tal mais ação e menos conversa, que, no caso do orçamento, implica abertura para o compromisso, para o equilíbrio e para a resposta ao bem comum, considerando todo o país.
Quem vive no território, longe dos grandes centros urbanos, tem noção de que a relevância mediática e atenção dos decisores centrais raramente está sintonizada com a realidade concreta dos quotidianos das pessoas e das nossas terras. Esse quadro não tem de ser a referência. É preciso um ajuste de expetativas e de recursos que responda de forma sustentada ao que é estrutural, alimente o que é corrente e nos prepare para os desafios do futuro.
As Autarquias Locais, quantas vezes protagonistas das únicas respostas no terreno, estão prontas para ser parte da solução, mas é preciso que o Governo governe que noção das suas circunstâncias políticas, com compromisso e sentido de futuro. Persistir em ajustar contas com o passado e a projetar tudo para um futuro próximo implica não responder ao presente.
Não é sustentável. É preciso mais ação consequente e menos conversa. É o que procuramos fazer em Ourique a pensar nas pessoas e no território, com investimento público e privado, de acordo com a estratégia de desenvolvimento local de um território rural, de baixa densidade, que é “Capital do Porco Alentejano”.

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