Futebol em dia de eleições?

Carlos Pinto

director do correio alentejo

Em Portugal mandava a tradição (apenas e só) que o dia de eleições – Legislativas, Autárquicas, Europeias ou Presidenciais – estivesse reservado exclusivamente para esse efeito. Assim foi até 2015, ano em que o dia das Legislativas foi igualmente dia de futebol. E em 2017 vai repetir-se o cenário a 1 de Outubro: em dia de Autárquicas teremos, entre outros jogos, um clássico entre Sporting e FC Porto e uma deslocação do Benfica à Madeira.
A agenda da oitava jornada da Liga Portuguesa foi revelada no final da passada semana e logo algumas vozes se levantaram contra o facto de haver futebol em dia de eleições. A Comissão Nacional de Eleições (CNE) emitiu um comunicado onde afirmou ser “desaconselhável a realização de eventos desta natureza que, em abstracto, potenciam a abstenção de um número que pode ser significativo de eleitores”. Foram publicados artigos de opinião e editoriais a considerar, entre outras coisas, que “os portugueses não mereciam que o futebol tivesse entrado a pés juntos sobre a democracia” [David Diniz no “Público”]. Mas também houve quem afirmasse precisamente o contrário e argumentasse que futebol e eleições não são incompatíveis.
Tudo isto nos conduz à questão: teremos, afinal, em Portugal uma democracia suficientemente amadurecida, que permite que o simples facto de haver um jogo de futebol no dia em que se vota não coloque em causa o actual regime político? Parece-nos bem que sim. Porque votar é um acto de consciência e cidadania compatível com outras actividades. Basta atentar no que acontece em países como Inglaterra, Holanda ou EUA, onde se vota em dias de trabalho. É por isso que ter eleições e futebol no mesmo dia não pode ser um drama, mas sim uma oportunidade para mostrar que queremos a Democracia.

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