Equívocos

Quinta-feira, 17 Setembro, 2020

Luís Dargent

dirigente do CDS

O primeiro dos grandes equívocos que nos ajudou a chegar a este estado de coisas, e que se foi instalando na sociedade como uma verdade universal, foi o mito de que com inteligência e criatividade tudo se pode conseguir sem nenhum, ou com um mínimo, de trabalho. Esta ideia foi difundida aos quatro ventos em todo o sistema educativo, desde o básico ao superior, em todo o mundo empresarial, estendendo-se a patrões e empregados, e até a todos os agentes culturais quase sem excepção. O maior engano reside em que a inteligência e a criatividade necessitam de doses massivas de trabalho, tal como a locomotiva a vapor necessita de um enorme vagão de carvão, que quanto maior, mais longe e rápido se chega. Nós políticos infelizmente fomos vítimas capitais de tudo isto, deixando-nos infectar e disseminando este logro, oferecendo políticas que, sob um invólucro enganador de inteligência e criatividade, revelam-se sem a menor adesividade à realidade ou ao progresso dos cidadãos.
O segundo dos equívocos foi a substituição de uma virtude maior (a generosidade) por duas menores (a caridade e a solidariedade) de forma a adormecer as nossas consciências e tranquilizar os nossos fracos espíritos. Passámos de louvar os benefícios da caridade, que é dar o que temos em excesso ou não nos faz falta, para a solidariedade, que é partilhar o que é dos outros, ou na melhor das hipóteses de todos, sem passar por esse valor superior que é a generosidade, consistindo em dar o que é nosso e nos faz falta e “dói” partilhar.
Assim chegámos ao Estado Social, ao qual tudo exigimos e para o qual temos muito pouco ou nada para dar.
Lembro-me de uma história em que se entrevistava um indignado daqueles de boina basca, camisa do Che e ar pouco asseado como mandam os cânones, acerca da sua disponibilidade para partilhar alguns bens com os seus camaradas. A resposta foi imediata e afirmativa às seguintes questões:
– Se tivesse duas casas, daria uma?
– Claro que sim, camarada!
– E dois automóveis?
– Pois claro, não há dúvida, ao primeiro que me aparecesse!
– Se tivesse duas televisões?
– Isso nem se fala!
– Então e duas camisas?
Silêncio total, e olhar no chão…
– Então camarada, dava a casa, o automóvel e a televisão e hesitava na camisa?
– É que camisas tenho duas…
Se alguém acha isto exagerado, aconselho o visionamento do documentário sobre a ocupação da Torre Bela e a história da enxada ou sacho ou lá o que era.
A todos os bejenses desejo um excelente Dia da Espiga ou da Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo!

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