Enorme falta de sensibilidade

Quinta-feira, 6 Outubro, 2016

Carlos Pinto

director do correio alentejo

De um dia para o outro, as diversas passagens de trânsito no troço do IP2 que atravessa o concelho de Castro Verde foram fechadas com rails de protecção pela concessionária da via, a SPER. A situação deixou estarrecidos muitos agricultores, que utilizam estas passagens para aceder às suas explorações agrícolas e que a partir de agora têm, em muitos casos, de vir até à vila de Castro Verde para poderem depois chegar às terras que trabalham.
Uma situação que também já mereceu o repúdio por parte da autarquia local e que demonstra como funcionam muitas empresas no nosso país, sejam elas de que ramo que forem. Na sua maioria, apenas lhes interessam números e estatísticas. As populações são meros consumidores e as localidades simples espaços de produção. Ou há rendimento ou não, nada mais importa. Mesmo que um pequeno prejuízo no interior seja largamente compensado pelo lucro do litoral.
A lógica até pode ser aceitável se falarmos de empresas privadas, onde os accionistas são os únicos que investem (e arriscam a ter prejuízo). Mas neste caso trata-se de uma entidade que tem um contrato com uma empresa do Estado (a Infra-estruturas de Portugal), que por sua vez tem responsabilidades de serviço público. Daí que não seja admissível a insensibilidade com que se avança com uma medida com este impacto na vida das pessoas sem sequer se preocuparem com as consequências das suas decisões.

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