Portugal (ainda mais) Desigual

Carlos Pinto

director do correio alentejo

ASIC e o “Expresso” iniciaram recentemente uma série de reportagens intituladas “Portugal Desigual”. Os trabalhos têm por base um estudo da Fundação Francisco Manuel do Santos e servem para mostrar o país que tínhamos e que temos depois da passagem da “troika” por cá. E os resultados não são nada animadores, apesar de esperados: de 2009 a 2014 ficámos todos mais pobres e o país está cada vez mais desigual.
Mas atentemos em alguns dados concretos do estudo: apesar da diminuição dos rendimentos ter tocado, em geral, todos os portugueses, a perda não atingiu da mesma maneira os mais pobres e os mais ricos: os primeiros sofreram uma quebra de 25% nos seus rendimentos e os segundos de apenas 13%. Se olharmos para as idades, foram os mais jovens que sentiram uma quebra mais intensa: na faixa etária abaixo dos 24 anos os rendimentos caíram 29%. E nem um maior nível de escolaridade foi suficiente para evitar perdas no ordenado: os licenciados foram os mais afectados, com quebras de 20%. Mas há mais: a média de rendimentos mensais passou de cerca de 931 euros para um valor a rondar os 830 euros. E houve 540 mil portugueses a deixar o país, em busca de melhor sorte…
Mais do que argumentos, os números falam por si: o país está pior desde que foi acudido pela “troika”. E o certo é que, ao contrário do que argumentavam os responsáveis políticos à época, estes sacrifícios pouco ou nada se notaram na economia real. As empresas continuam aflitas, o empego pouco aumenta (e quando isso sucede, é a passo de caracol) e o crescimento é anémico. É a prova de que a cura não foi melhor que a doença. E que, certamente, haveria melhores fórmulas de “resgatar” Portugal.

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