É preciso dignificar o político e o papel dos partidos políticos e assim, com a acção deste primeiro-ministro e do seu deputado eleito por Beja, não vamos lá!
Coloquemos de lado o que prometeu não fazer (cortes dos subsídios de férias e de Natal, coisa que na fase de campanha apelidou de calúnias do Partido Socialista) e fez, e centremo-nos na acção política do que disse que iria fazer e agora diz que está “a ser obrigado a fazer”, naturalmente por causa da herança muita mais pesada que diz ter encontrado mas que também disse que nunca utilizaria como arma de defesa contra a sua própria incapacidade.
Todos estaremos recordados do nosso primeiro ministro ter dito, várias vezes, em campanha e depois dela, o que queria para além da “troika”. Recordo e reforço: “durante a campanha” eleitoral que o elegeu primeiro ministro, Passos Coelho afirmou que queria ir para além da “troika”. Coisa que foi interpretada, e muito bem, como sendo uma certa forma liberal de ver o papel do Estado enquanto produtor e prestador de serviços e bens públicos. Ideologia, portanto!
Ontem, escrevo na quarta-feira, o homem afirma que quando que iria para além da “troika” era porque se viu obrigado tendo em conta a tal herança mais pesada do que o suposto (dívida escondida da Madeira e a nacionalização do tal banco que acabou vendido a Angola)!
Esta é uma afirmação a todos os títulos lamentável, porquanto descredibiliza a política e os políticos de forma inaceitável. Eu não sou Passos Coelho nem me revejo na sua postura e prática política. Vejamos as hipóteses: mentiu, na altura da campanha, porque sabia o estado das coisas e disse que era por uma questão ideológica; mentiu agora e acabou por se desautorizar a si próprio num espectáculo lamentável e ridículo.
Para termos uma pista sobre qual das hipóteses será a correcta, atente-se na medida hoje anunciada na questão dos transportes de doentes não emergentes: passam a pagar 2,5 euros por quilómetro percorrido (até aos 50 Km) e 0,5 euros por quilómetro após os 50 Km, no caso de terem um rendimento superior a 600 euros mensais. No caso de um cidadão de Odemira que tenha que ir ao Hospital de Beja (200 Km ir e vir) pagará 300 euros se tiver um rendimento mensal de 605 euros. Com este cenário poderá ir duas vezes por mês a Beja fazer um qualquer tratamento e sobrarão para viver cinco euros!
Esta é uma medida claramente ideológica. É afastar as pessoas do acesso à saúde e ao bem estar. É promover menores condições de vida a quem já tem mais dificuldades. Trata-se, na minha perspectiva, de provocar activamente a diminuição da esperança de vida das pessoas. É a concretização do desígnio de Cavaco Silva quando este afirmou que a “única forma de resolvermos a questão dos funcionários públicos é esperar que morram!”
Isto não dignifica o político nem a política, nem tão pouco a democracia!
Já o sr. deputado eleito pelas listas do PSD por Beja continua o seu périplo ostensivo de ignorar os órgãos locais de governação pública, o que neste caso significa que o representante da Assembleia da República ignora os legítimos representantes do Poder Local na acção política nos territórios. Será vergonha do Poder Local? Será medo do Poder Local? Será propaganda?!?
Escrevo estas linhas não por despeito, mas por um sentimento enorme de revolta por quem, na sua acção política, faz gala em contribuir para um maior descrédito da classe que é o garante da democracia e da liberdade!

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A equipa de ciclismo de masters Team Danado & Peçamodôvar/AMCP Castro Verde teve uma estreia positiva na estrada, durante a Taça do Algarve de Estrada,