As crianças e o futuro

D. António Vitalino Dantas

Bispo de Beja

No dia 10 de Junho celebrámos o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, mas também o Dia do Anjo de Portugal e a peregrinação nacional das crianças a Fátima. Foram centenas de milhares, que encheram o recinto do santuário, que transbordou. Mas disso não falaram os meios de comunicação social. Parece que apenas alguns acontecimentos e notícias têm o direito de encher os nossos ouvidos e os écrans, entrando pelas nossas casas e os nossos olhos, caso não façamos como o Papa, que afirmou numa entrevista a um jornal argentino, que não vê televisão desde a véspera da festa de Nossa Senhora do Carmo, a 15 de Julho de 1990.
Sempre os mesmos assuntos e as mesmas pessoas, opiniões políticas e futebol. Afinal Fátima e fado já não são o assunto do dia. Como despoluir o nosso ambiente? Fechar os olhos e os ouvidos não é solução. Mas também não o é respirar sempre o mesmo ar. Precisamos de mudar de ambiente, a começar por nós mesmos. Se ocuparmos o nosso tempo no estudo, na leitura, no fazer o bem, na oração, no diálogo e no encontro com os nossos familiares e vizinhos, estaremos no bom caminho. Sem audiências os meios de comunicação calam ou começarão a mudar.
Outro grande contributo para despoluir os ambientes está na educação para os verdadeiros valores, que se testemunham, mas também ensinam. Não podemos deixar para a idade adulta essa aprendizagem. As escolas e a família devem dar o seu contributo. A fé cristã, a Bíblia mostra-nos a raiz de muitos dos valores que dignificam a pessoa humana. Por isso é importante participarmos na sua aprendizagem, seja nas escolas, seja na Igreja, inscrevendo-se nas aulas de educação moral e religiosa, na catequese, frequentando os meios onde esses valores se procuram viver e praticar.
Os pais preocupam-se por vezes apenas com a saúde do corpo dos seus filhos. Há movimentos que ajudam a crescer em todas as dimensões, por exemplo o escutismo. Mas por vezes faltam chefes. As paróquias deveriam investir mais neste movimento, que atrai muitas crianças e adolescentes, assim como em outros movimentos com experiência no acompanhamento de jovens. Aguardamos com grande expectativa a nova encíclica papal sobre a ecologia, que nos desafia a pensar no mundo que queremos deixar às novas gerações.
A teoria de uma natureza sã, sem a aprendizagem e a correcção de um bom sistema educativo, está ultrapassada. Oxalá todos tenhamos o bom senso, para não nos julgarmos excepções. As nossas cadeias estão cheias e diz-se que o caminho para o Inferno está também cheio de boas intenções.

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