Apresentadores ou Cauteleiros?

Napoleão Mira

empresário

As estações de televisão que emitem em sinal aberto (RTP1, SIC e TVI), transformaram-se despudoradamente em salas de jogo de sorte ou azar. Todos os dias e a quase todas as horas, o espectador é convidado, é incentivado, a jogar numa espécie de sorteio, onde o seu telefone é o número atribuído, como se fora uma cautela de lotaria. Através de uma chamada de valor acrescentado (geralmente 60 cêntimos + 23% de IVA, o equivalente a cerca de 148$00 antigos) o espectador habilita-se a um prémio de valor variável, a um voto ou a uma inscrição, num qualquer concurso ou programa da moda.
Não coloco em causa a veracidade dos prémios nem a legitimidade dos concursos ou concursantes. O que me faz impressão, são os apresentadores, supostos profissionais da comunicação, transformados em cauteleiros televisivos, apregoando a cada cinco minutos a sorte grande lá para o final do programa. O que me faz impressão, é a utilização de um meio que entra em casa de toda a gente e onde, num discurso quase pungente, as primeiras figuras dos respectivos canais fazem o apelo à aquisição da tal cautela, só que, mascarada de telefonema. O que me faz impressão, são os lucros, as paquidérmicas receitas que, segundo o “Jornal Económico”, ultrapassam na SIC os 28 milhões e na TVI os 43 milhões de euros por ano (não tive acesso aos da RTP1).
Bem sei que só telefona quem quer, mas também sei que, pelo menos os canais que transmitem em sinal aberto, deveriam de ter um papel mais profilático e menos selvático junto do espectador, que não o incitamento ao jogo de sorte e azar; isto para não falar da programação que, no meu entender, roça a qualidade do vómito!

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