A (in)coerência

Quinta-feira, 17 Setembro, 2020

Paulo Arsénio

eleito pelo PS - AM Beja

Na última Assembleia Municipal de Beja, a CDU, quando fez a sua declaração de voto relativamente ao seu voto de abstenção em sede de orçamento municipal, referiu que se tratava de um mau orçamento mas que o viabilizava para evitar desculpas por parte da actual maioria camarária na sua acção ao longo de 2011.
Não vou entrar em pormenores enfadonhos e maçadores de carácter mais técnico sobre o orçamento municipal de Beja para 2011. Pode estar, é certo, ainda sobre dimensionado, mas aponta na direcção correcta com uma redução de 7,8% face ao orçamento do ano anterior. Um corte mais significativo de uma só vez poderia comprometer e mesmo bloquear a acção de alguns serviços da Câmara indispensáveis em termos públicos.
Caricato é que a CDU, mesmo sabendo que não havia grande margem de manobra em matéria de opções orçamentais, se tenha abstido depois de durante a sessão ter falado tão mal do orçamento. E foi efectivamente a CDU que permitiu a aprovação do orçamento porque, apesar de ter ficado em segundo lugar na votação para a Assembleia Municipal, dispõe de maioria absoluta naquele órgão. Falou tão mal e absteve-se. Politiquices, como diria o cidadão comum.
Ainda mais caricata é a posição da CDU, porque momentos antes apresentara uma moção sobre o Orçamento Geral do Estado em que, implicitamente, e depois no debate objectivamente, culpava o PSD por em conjunto com o PS ter aprovado a proposta de lei de orçamento apresentada pelo Governo.
Uma hora depois, a CDU fazia exactamente o mesmo que criticara no PSD, permitindo a aprovação do orçamento municipal de Beja.
Vamos ser claros: ambos, PSD a nível nacional e CDU a nível municipal, sabem que não há alternativa credível aos dois documentos apresentados e que contribuíram decisivamente para aprovar. O mundo em que vivemos não é necessariamente aquele em que gostaríamos de viver e que está condicionado com um conjunto de itens de carácter económico e financeiro.
E a crise que estourou em finais de 2007, e que tanto mal tem causado em todo o mundo, trouxe um aspecto à nossa reflexão: Estado Central, autarquias, empresas e famílias estavam em larga medida a viver acima das reais possibilidades.
Por isso, e para que não entrem em 2011 com um penoso sentimento de culpa, tendo viabilizado orçamentos que não queriam manifestamente viabilizar, desejando imolar-se pelo fogo ou mutilar-se politicamente, quero dizer que quer o PSD na Assembleia da República, quer a CDU na Assembleia Municipal de Beja, tomaram as decisões mais acertadas, alicerçadas na responsabilidade, e que devem por isso estar bem com as respectivas consciências. Outro sentido de voto, de uns e de outros, teria sido pura política de terra queimada.
Votos de um bom ano de 2011.

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