No final da semana passada fomos surpreendidos com um Relatório do Tribunal de Contas que arrasava, positivamente, o aeroporto de Beja.
Ao contrário de um anterior primeiro-ministro, actualmente Presidente da República, não considero que os órgãos com papel fiscalizador da República, no quadro constitucional e legislativo, sejam “forças de bloqueio”. Porém, e embora concorde com as observações feitas aos atrasos a estruturas rodoviárias importantes que servirão o aeroporto, tornando-o futuramente mais atractivo, não posso deixar de manifestar a minha discordância profunda com um conjunto de conclusões que, não correspondendo à verdade, viram a opinião pública portuguesa contra o aeroporto de Beja.
A começar pelos custos: a ser verdade que se gastaram 35 milhões de euros, só houve uma derrapagem de cerca de um milhão de euros, não mais. O projecto inicial, recorde-se, previa um gasto de 34 milhões de euros para transformar parte da base aérea numa infra-estrutura civil. Uma obra pública de baixo custo e com enorme potencial a médio prazo. Não só em termos regionais mas também, e sobretudo, à escala nacional. Contudo, e da forma como foi noticiado nalguma comunicação social, ficava-se com a ideia de que a derrapagem teria sido de 34 milhões de euros. Nada mais falso.
Que é necessário outro tanto para tornar o aeroporto operacional, também não é verdade. Houve uma interpretação errada por parte do Tribunal de Contas relativamente aos dados que lhe foram fornecidos. Se dentro de duas décadas se justificar, fruto de um crescimento de movimento, uma segunda fase para aumentar as capacidades do aeroporto, então sim, será necessário investir mais na estrutura. Mas neste momento o aeroporto de Beja, dizem-nos todos os agentes, está totalmente apto a operar.
Faltam algumas etapas para certificar a pista de modo a que a mesma possa receber voos com passageiros. Falta que a ANA, depois de um período de suspensão legislativa que está a terminar, possa avançar com procedimentos fundamentais como sejam as fixações de tarifas e de taxas pela utilização do aeroporto.
Concluídos estes procedimentos as operações podem iniciar-se.
Se a solução não passar por voos regulares de passageiros, que ficariam a mais de duas horas de Lisboa e quase outro tanto do Algarve, isso não invalida que operações de outra natureza não ocupem a aerogare e sirvam os interesses da região, criando trabalho especializado e mais-valia económica no tecido em que se inserem. Centro de reparações de uma marca de aviões ou de uma companhia aérea, centro de distribuição de peças de avião, correio expresso, aeroporto de rectaguarda a Faro e a Lisboa e outras opções que não me ocorrem, podem fazer do aeroporto de Beja um ponto de interesse que rapidamente recupere o pouco que foi investido na sua transformação em estrutura de carácter civil.
Não quero deixar também de expressar a minha solidariedade para com os membros do conselho de administração da EDAB, atingidos indirectamente por este relatório. São pessoas sérias e competentes que fizeram um excelente trabalho e que montaram uma estrutura – numa localização territorial complicada e encontrando pelo caminho diversos obstáculos -, com os recursos previstos, para os fins previstos, deixando-a operacional. Julgo que nós, baixo-alentejanos, lhes devemos um agradecimento.
Tudo o resto, como digo, são fantasmas que não fazem sentido e que resultam de uma interpretação própria, mas profundamente errada e injusta, de quem não vive no meio e de quem não conhece, na plenitude, as possibilidades que o aeroporto abre à região se associado também a Sines e a Alqueva.
Deste relatório há contudo uma interrogação que me fica: Se o aeroporto de Beja ainda nem começou a operar e parece já assustar tanto – tantas têm sido as pedras que lhe têm colocado no caminho –, “quem tem medo do aeroporto de Beja?”
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