40 anos depois

Vítor Encarnação

A geração que manda e se opõe neste país, grosso modo, ainda vivia a sua infância ou adolescência em Abril de 1974. Daí, obviamente e só por si, não vem mal ao mundo. Não é obrigatório que quem decide hoje os nossos destinos tenha estado preso ou tenha sofrido na pele as sevícias da ditadura. As sociedades transformam-se e os mais velhos e experientes deixam legados para que os mais jovens possam executar o futuro. É esta a lei da vida. De facto ninguém é dono do 25 de Abril. Seria até um contra-senso relativamente a uma data que promove a liberdade.
Contudo, parece-me que alguns dos filhos da revolução, sejam de esquerda ou de direita, não sei se por falhanço social e educativo ou cego ideal político, vivem alienados e indiferentes ao passado. O que é um perigo. Não conhecer o passado provoca dois problemas graves: branqueia o que foi mau e desvaloriza o que foi bom. Não conhecer o passado faz também com que achem que antes deles não havia mundo. Não lhes interessa olhar para a História, muito menos percebê-la. Preferem viver na vertigem das decisões modernas, sobranceiras e incontestáveis.
Aparenta haver neles uma carência de conhecimento humanístico, uma escassa preocupação com a ética e com a dignidade do ser humano, um acanhado pensamento filosófico, um confuso raciocínio económico.
Quarenta anos depois os portugueses estão descontentes com a democracia que têm.
Por que será?

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