Com metade do seu segundo mandato cumprido, o presidente da Câmara de Almodôvar continua com muitos projectos para o seu concelho. Em entrevista ao “CA”, António Bota revela aquelas que serão as suas prioridades nos próximos dois anos, visando preparar o município para o futuro. “Temos feito um bocadinho de tudo, nas diferentes áreas, para preparar o futuro e permitir que o concelho vá ficando cada vez mais moderno e para que as gerações vindouras se sintam bem no concelho de Almodôvar”, afiança o autarca do PS.
Estamos a meio do seu segundo mandato. Qual tem sido a linha de orientação traçada pelo seu executivo para o Município de Almodôvar?
Temos estado a trabalhar constantemente naquilo que são os projectos de adaptação do concelho ao futuro, mantendo sempre o património existente como uma mais-valia a ter em conta. Temos tentado a todo o custo criar novas dinâmicas na área da Educação, tanto ao nível dos apoios como no plano das infra-estruturas para os alunos nas escolas de ensino básico. Na área ambiental temos reduzido as perdas de água em todo o concelho com obras – umas maiores, outras menores – de requalificação urbana, aproveitando essa oportunidade também para substituir as condutas [de água]. A nível mais micro, temos também criado novos projectos de extensão de água e de substituição de tubagens na vila, nas aldeias e montes em que tem sido possível, até para não subir [o preço da] água. Já a nível do Turismo temos projectado o concelho com projectos como a “Rota da Estrada Nacional 2” e obras que dignificam o concelho, além de termos aproveitado os fundos comunitários para a requalificação e reorganização de algumas áreas da vila e do concelho. Falo, por exemplo, na obra que decorreu na Aldeia de Fernandes nestes últimos dois anos, onde requalificámos toda a zona entre a aldeia e o cemitério local. Iniciámos também as obras de Santa Clara-a-Nova e do Rosário, onde pretendemos fazer a mesma coisa. E já terminámos a obra da Entrada Sul de Almodôvar e estamos a trabalhar na execução do projecto de requalificação do Bairro da Misericórdia. Portanto, temos feito um bocadinho de tudo, nas diferentes áreas, para preparar o futuro e permitir que o concelho vá ficando cada vez mais moderno e para que as gerações vindouras se sintam bem no concelho de Almodôvar. Sendo que neste momento temos dois projectos grandiosos pela frente…
Que projectos?
Um deles é a requalificação da Escola Secundária, para que os nossos filhos e netos possam ter em Almodôvar uma descola decente, adaptada, moderna e com as melhores condições de ensino. O outro projecto de que falo tem que ver com o aproveitamento deste último pacote de fundos comunitários em acessibilidades, mantendo a nossa política de reparação de estradas. Falo da reparação integral da estrada de Santa Cruz e da estrada de acesso a Aldeia de Fernandes, que se vão iniciar em breve, assim como da estrada de acesso às Guedelhas e Viúvas, que carece de algumas intervenções. Quero ainda sublinhar que está nas nossas mãos o combate para a mitigação desta seca e das alterações climáticas. Estamos a começar a desenvolver projectos precisamente para atenuar essa crise climatérica que não tem fim à vista, daí termos de preparar o concelho….
Em que medida?
Estamos a lutar para que seja construída mais uma barragem [na ribeira de Oeiras] e estamos a criar condições, nomeadamente no projecto da Escola [Secundária] e outros, para haja um aproveitamento energético maior e diminuir o consumo de energia. E estamos também a apostar no convite a empresas privadas para virem investir no nosso concelho em projectos que faça aproveitamento de energia solar, eólica… Mas a luta da água será a maior de todas e inclui também um agrupamento com outros municípios, para tornar o acesso à água mais eficiente.
Está a referir-se ao projecto da Águas do Baixo Alentejo, que está em “águas de bacalhau” – passe a expressão – depois da adesão de Beja e Castro Verde ter sido rejeitada nas respectivas assembleias municipais…
Mas não pode ficar em “águas de bacalhau”. E a Câmara de Almodôvar lutará para que ele avance! Não podemos olhar só para o nosso umbigo. Se não trabalharmos em escala, com agrupamento de municípios, será mais difícil cada município – por si só – conseguir obter fundos comunitários e eficiência no uso da água, que é uma das grandes preocupações para o nosso futuro. Água é vida!
Acha que nesta altura é viável pensar na construção de uma nova barragem?
É possível, desde que faça parte da agenda política. E tendo em conta as condições climatéricas e a preocupação que existe da parte dos ministérios dessa área, é possível. Não para daqui a três, quatro ou cinco anos. Mas é possível começar a desenhar o projecto, para que daqui a 10 anos ele tome lugar.
A futura Área de Acolhimento Empresarial (AAE) de Gomes Aires pode avançar em 2020?
Há condições para iniciar o projecto de desenvolvimento em 2020, mais no segundo semestre, já com terraplanagens e movimentação de terrenos. E há condições para termos o projecto pronto em dois ou três anos, para começarmos a receber eventuais clientes. Temos um pequeno problema que nos está a atrasar, que é a alteração das característica do terreno, de agrícola para urbano. Há ainda outro pequeno problema que é o terreno estar integrado em REN, mas tudo está a ser resolvido com a CCDR [do Alentejo] e, seguramente, vamos chegar a bom porto.
Este projecto é essencial para a dinamização da economia local?
Sem dúvida! Se olharmos para o resto do país, as zonas mais desenvolvidas têm todas grandes áreas comerciais e industriais – e atenção que não falo de indústria poluidora! Se repararmos, o que tem faltado no concelho de Almodôvar é precisamente essa dinâmica. Porque a zona industrial da vila dá resposta aos pequenos comércios e empresários locais, mas não às grandes empresas. Por isso, precisamos de aumentar a nossa capacidade de resposta para poder receber outro tipo de investimentos. Esta AAE ficará a 500 metros da A2, ou seja, melhores acessibilidades não há. Temos todas as condições para servir como um hub, um centro de distribuição de qualquer tipo de indústria ou comércio que se queira instalar no concelho de Almodôvar. E temos todas as condições para servir o interior algarvio, o litoral e o nosso Baixo Alentejo. A minha esperança é que nos próximos três ou quatro anos possamos ter uma dinâmica completamente diferente no concelho de Almodôvar em termos empresariais.
Em que ponto se encontra o projecto da nova creche?
Estamos a tratar do caderno de encargos para a construção. Dentro dos próximos dois anos Almodôvar vai ter uma nova creche, pois temos de preparar o concelho para o futuro. Até porque vamos ter que ter quase o dobro da resposta em termos de creche se queremos cá ter pessoas. Caso contrário, as pessoas vão viver para Castro Verde ou outros concelhos! Esta é uma grande necessidade [que sentimos], assim como em termos de habitação. Por isso estamos a trabalhar em novos loteamentos para casais jovens, para que possa haver mais construção e os nossos jovens se instalem e constituam por cá família.
Onde serão esses novos loteamentos?
Temos um aprovado para a vila de Almodôvar, com 12 lotes, que vai ser posto à venda no início de 2020 e que ficará no Mártir Santo, onde também ficará a creche. Temos um outro loteamento adquirido junto do Ribeiro do Poço de Ourique, com mais seis lotes. Vamos iniciar também no próximo ano um loteamento na Aldeia de Fernandes e outro no Rosário. E estamos também em negociação para tentar encontrar uma solução para um loteamento abandonado, de carácter privado, que é o loteamento do Maldonado.