A vila de Aljustrel vai ter uma unidade de cuidados continuados, um projeto da Santa Casa da Misericórdia que ascende a cerca de 3,4 milhões de euros e que já garantiu um financiamento de 1,2 milhões no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência.
“Reputamos este investimento de extremamente importante”, porque “é uma carência que sentimos no concelho, na região e até no país”, nota ao “CA” o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Aljustrel (SCMA), Manuel Frederico.
Segundo este responsável, a criação de uma unidade de cuidados continuados era uma “ambição antiga” da instituição, que desde 2009 já tinha candidatado, ainda que sem sucesso, este projeto ao PARES – Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais, ao programa Alentejo 2020 (por duas vezes) e, por fim, ao PRR (também por duas vezes).
A segunda candidatura da Misericórdia de Aljustrel ao PRR acabou por ser aprovada neste mês de abril, tendo o contrato de financiamento sido assinado no passado dia 17, numa cerimónia em que marcaram presença a secretária de Estado da Gestão da Saúde, Cristina Vaz Tomé, e o ministro da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida.
Manuel Frederico explica ao “CA” que a futura unidade da SCMA será instalada num terreno anexo ao Centro de Saúde da “vila mineira”, cedido para o efeito pela Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA), e irá integrar a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI).
A nova infraestrutura terá 30 camas, distribuídas por 16 quartos (três simples, 12 duplos e um triplo), e permitirá a criação de 26 novos postos de trabalho, sobretudo pessoal “especializado”, como fisioterapeutas, enfermeiros e médicos, adianta o provedor.
“Reputamos este investimento de extremamente importante”, porque “é uma carência que sentimos no concelho, na região e até no país”, nota ao “CA” o provedor da Misericórdia de Aljustrel, Manuel Frederico
Além do financiamento do PRR, a Misericórdia de Aljustrel contará com um apoio financeiro a rondar os 600 mil euros por parte da Câmara de Aljustrel para a concretização do projeto.
O restante montante será assegurado pela própria instituição, com Manuel Frederico a não enjeitar a venda de património para fazer face ao investimento necessário.
“Não gosto de alienar património, porque o dinheiro vem, gasta-se e as coisas desaparecem, mas num caso destes, alienar património para construir património, é um bocado diferente”, justifica o provedor.
Apesar da satisfação pela aprovação da candidatura da unidade de cuidados continuados, o provedor da SCMA não esconde a sua preocupação relativamente aos prazos impostos pelo PRR, uma vez que o programa determina que todas as obras cofinanciadas tenham de estar concluídas… até junho de 2026!
“Estou acostumado a fazer algumas obras ao longo da minha vida e diria que é quase impossível construir uma obra desta dimensão num prazo até junho do ano que vem, tanto mais que ainda temos que lançar o concurso, analisar as propostas, fazer a consignação e a adjudicação, e depois arranjar uma empresa credível que faça em sete ou oito meses uma obra desta dimensão”, alerta Manuel Frederico.
Ainda assim, “a nossa determinação é avançar e vamos fazer tudo e mais alguma coisa”, garante o provedor, acrescentando já ter manifestado estas preocupações ao ministro da Coesão Territorial e a outros responsáveis.