A Somincor, que tem a concessão das minas de Neves-Corvo, no concelho de Castro Verde, fechou o ano de 2020 com um prejuízo bruto (gross profit) de cerca de 11,7 milhões de euros. Os dados constam do relatório anual apresentado, no final de Fevereiro, pela multinacional sueco-canadiana Lundin Mining, proprietária da empresa mineira, e são justificados pelo administrador-delegado da Somincor com o “impacto” da Covid-19.
“Infelizmente, a pandemia teve impacto em todo o mundo e, naturalmente, também nas nossas operações, limitando as nossas atividades em algumas áreas, nomeadamente a suspensão temporária do Projeto de Expansão do Zinco (ZEP), que teve um grande impacto para nós e também para a região”, diz Kenneth Norris.
Ainda assim, o gestor canadiano acredita que 2021 já “será um ano mais positivo”.
“Estão a ser feitos esforços significativos para otimizar a nossa operação” e “melhorar a qualidade dos nossos concentrados”, garante Norris.
De acordo com o relatório anual da Lundin Mining, a que o “CA” teve acesso, em 2020 saíram de Neves-Corvo um total de 69.143 toneladas de concentrado de zinco (menos 4.059 toneladas que em 2019), resultado que ficou no limiar daquilo que eram as previsões de produção para o último ano.
Por sua vez, a produção de concentrado de cobre da Somincor em 2020 foi de 32.032 toneladas, menos 9.404 toneladas que no ano anterior mas dentro dos valores de produção que estavam previstos pela empresa.
De Neves-Corvo saíram ainda, no último ano, 5.108 toneladas de concentrado de chumbo e mais 1.557 toneladas de concentrado de prata.
“Infelizmente, a pandemia teve impacto em todo o mundo e, naturalmente, também nas nossas operações, limitando as nossas atividades em algumas áreas.”
Kenneth Norris | administrador-delegado da Somincor
Com estes resultados operacionais, a Somincor teve em 2020 receitas totais na ordem dos 215,8 milhões de euros, abaixo dos 280,3 milhões registados no ano anterior. Já o lucro bruto da empresa (que consiste na diferença entre as vendas faturadas e o custo dos produtos faturados, sem incluir custos administrativos, financeiros ou outros), que em 2019 tinha sido de 35,6 milhões de euros, passou a um prejuízo bruto de 11,7 milhões de euros em 2020.
Para este resultado contribuem em muito os resultados negativos registados pela Somincor no primeiro e no quarto trimestres do ano passado.
Segundo o relatório da empresa mineira, o prejuízo bruto registado em 2020 deve-se, essencialmente, a uma “produção mais baixa”, o que resultou “em menores volumes de vendas”. Além do mais, tanto a produção de cobre como de zinco foram afetadas “por um desenvolvimento subterrâneo menor do que o planeado”.
As receitas da Somincor em 2020 acabaram por representar 13% das vendas totais da Lundin Mining, menos 5% que no ano anterior. A mina alentejana passa assim do segundo para o quarto lugar em termos de receitas no seio do grupo, atrás da chilena Candelária (43%), da brasileira Chapada (22%) e da norte-americana Eagle (14%). Abaixo só a mina de Zinkgruvan (na Suécia), com 8% das receitas totais.
Projecto ZEP retomado
Depois de ter sido suspenso em Março de 2020, devido à pandemia, a Somincor retomou em Janeiro deste ano o Projeto de Expansão do Zinco (ZEP), investimento total de 360 milhões de euros que conta ter concluído “no final de 2021”.
“Esperamos assim que o projeto esteja concluído ainda este ano e que avance para taxas de produção plenas (para o dobro do que são atualmente) ao longo de 2022”, sublinha Kenneth Norris ao “CA”.
Segundo as previsão das Lundin Mining, em 2021 a Somincor deve produzir entre 35.000 a 40.000 toneladas de cobre e entre 70.000 e 75.000 toneladas de zinco.