O distrito de Beja recebe, a partir desta quarta-feira, 15, um projeto que visa a promoção de uma alimentação “sustentável, saudável e tendencialmente de base local” nas cantinas escolares e sociais da região.
O projeto ‘TerrAlimenta’ vai ser promovido, ao longo dos próximos 18 meses, pela cooperativa Esdime, com sede em Messejana (Aljustrel), sendo financiado através do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020.
“Este projeto tem a ideia de fazer a transição para um sistema alimentar territorializado, tentando contribuir ao máximo para a soberania alimentar da região com base numa alimentação saudável, sustentável e baseada na dieta mediterrânica”, explica ao “CA” Marta Cortegano, coordenadora da iniciativa.
O ‘TerrAlimenta’ é dinamizado pela Esdime em parceria com os restantes quatro grupos de ação local da região: Alentejo XXI, Terras Dentro, Rota do Guadiana e Terras do Baixo Guadiana. A estas instituições juntam-se a Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (CIMBAL), a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo e as associações Terra Sintrópica e In Loco.
Segundo Marta Cortegano, o projeto vai incidir nas cantinas de escolas e instituições sociais do distrito, pretendendo ser “muito útil quer aos consumidores, quer aos produtores locais”.
“A nossa população mais vulnerável são as crianças e os idosos, portanto se tivermos como parceiros principais as cantinas é uma forma muito interessante de contribuirmos para a soberania alimentar”, explica.
Para tal, continua Marta Cortegano, o ‘TerrAlimenta’ será um projeto “iniciador”, através do qual se vai “trabalhar em rede com todos os ‘stakeholders’ [parceiros] que estão ligados à questão da alimentação nas cantinas”. “A ideia vai ser, durante um ano e meio, trabalhar em conjunto o território, fazendo capacitação, uma vez que já existem muitos exemplos que regiões que estão a fazer isto”, frisa.
“Este projeto tem a ideia de fazer a transição para um sistema alimentar territorializado, tentando contribuir ao máximo para a soberania alimentar da região.”
A coordenadora do projeto acrescenta que para se conseguir “desenhar” este processo será feito “um diagnóstico e um levantamento do que é a produção local […] e do que são as compras em todas as cantinas, para se conseguir redesenhar o seu abastecimento”. “No final, vai haver esse redesenho do que será um sistema alimentar territorializado”, sublinha.
Em paralelo, e no âmbito do ‘TerrAlimenta’, serão dinamizadas duas “experiências piloto”, uma em Mértola e outra em Ourique, “para testar, numa escala mais pequena, o que pode funcionar bem ou não funcionar”.
Na opinião de Marta Cortegano, “apesar do projeto ter na sua base mais a questão da alimentação sustentável”, pode igualmente representar “um benefício económico evidente”.
Com o ‘TerrAlimenta’ “ficamos a saber exatamente, no total de todas as cantinas, quanto é que se compra na região e isso pode levar a que muitos outros pequenos agricultores que queiram participar neste processo da venda para as cantinas se possam organizar”.
O projeto pode mesmo permitir a criação de “uma central de compras direcionada para as cantinas partindo da produção local da região”, através da CIMBAL, acrescenta.
A coordenadora do ‘TerrAlimenta’ espera que este “não seja apenas um projeto de 18 meses, mas sim o começar de um processo e de uma estratégia territorial de continuidade”.