Produção de cereais no distrito de Beja muito afetada pela seca

A produção de cereais no distrito de Beja em 2022 foi muito afetada pela seca, registando-se quebras “acima dos 50%”, garantem ao “CA” os presidentes da Cooperativa Agrícola de Beja e Brinches e da Associação de Agricultores do Campo Branco.

Segundo o presidente da Cooperativa Agrícola de Beja e Brinches (CABB), Fernando Rosário, este “foi um ano mau” para os cereais na área de influência da instituição, que abrange sobretudo os municípios de Beja e Serpa.

“A seca prejudicou-nos bastante” e “apesar das searas não terem perdido tanto potencial nos melhores terrenos à volta de Beja, à medida que vamos evoluindo para terrenos um pouco mais fracos começam-se a ver perdas significativas”, diz o dirigente.

Fernando Rosário acrescenta que, nos chamados ‘barros de Beja’, as culturas até se aguentaram, “mas perdeu-se grande parte” do seu “potencial produtivo”.

“O significado disso é que mantiveram-se as culturas, que nalguns sítios até estão relativamente bonitas, mas viram o potencial produtivo reduzido em praticamente metade. Ou seja, é um ano mau”, reforça.

Mais a sul, no chamado Campo Branco, que abrange os concelhos de Castro Verde, Almodôvar e Ourique e parte dos municípios de Aljustrel e Mértola, o quadro é idêntico, numa altura em que muitos agricultores já estão a ceifar.

“As produções ficaram muito aquém daquilo que seria razoável e a produção, quer de cereais quer de palhas, foi muito baixa”, assim “como  muito reduzida já havia sido a produção de fenos e fenossilagens”, afirma ao “CA” o presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco, José da Luz Pereira.

De acordo com o líder desta associação, sediada em Castro Verde, a quebra na produção de cerais nesta zona “é muito superior a 50%”, havendo mesmo zonas “em que a produção andará muito próxima do zero”.

Além da produção ser “pouca”, também “não tem qualidade”, acrescenta José da Luz Pereira, justificando esta situação com o facto de não ter chovido “durante o inverno”.

“Com esta idade e com estes anos todos [que levo] de agricultura não me recordo de isto ter acontecido. É tudo campo pelado e um ano muito difícil”, afirma.

Além do impacto na produção de cereais, o presidente da AACB diz ainda temer pelo efeito do atual período de seca na região no abeberamento do gado “durante o verão”, perspetivando uma diminuição do efetivo pecuário na região.

“Todos os anos os agricultores deixam uma parte das crias do seu efetivo pecuário para reprodutores e este ano, pela primeira vez, constatámos que a maior parte dos nossos produtores não está a deixar efetivo de substituição. Isso é reflexo das dificuldades por que estamos a passar”, conclui.

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Correio Alentejo

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