No dia em que arranca a 9ª edição da Feira da Caça de Mértola, o presidente da Câmara Municipal assume que o sector (e toda a actividade cinegética) continua a ter muita importância para a economia do concelho. “A caça é certamente um dos pilares muito importante para a economia local, pois produz muita receita, produz riqueza e distribui parte dessa riqueza pelo território”, diz Jorge Rosa ao “CA”.
Qual a mais-valia da Feira da Caça para Mértola?
Podemos especificar essa importância em várias mais-valias. Porque dentro do tema da cinegética, no qual Mértola se tem afirmado como território de excelência, a Feira da Caça surge como uma actividade no seio de uma estratégia bem mais global. Uma estratégia de promoção, divulgação e aproveitamento de um produto turístico de excelência neste território, que é potenciada por um conjunto de situações, nomeadamente habitats naturais, apetência do terreno e facilidade de reprodução das várias espécies cinegéticas em regime selvagem. A feira tem esta particularidade de acontecer durante a época de caça e foi precisamente idealizada para que não seja mais uma feira, em que os visitantes circulam pelo espaço e se vão embora, mas sim que seja uma feira que atraia as pessoas nesse fim-de-semana para caçarem, participarem em actividades cinegéticas e para que na feira também haja uma componente prática, que é por vezes o que falta nas feiras de caça. Por isso temos um conjunto muito alargado de actividades que acontecem nos três dias de feira e que vão muito além do recinto comercial e lúdico onde acontece o evento. É essa a grande mais-valia desta feira.
Para Mértola e para a região a Feira da Caça é, sem dúvida, um evento muito importante e muito aguardado. Do ponto de vista da economia local, a feira é uma das actividades mais importantes, pois temos milhares de pessoas a visitar Mértola nestes dias e que consomem no comércio local. E, muito importante, há a promoção do concelho de Mértola, pois cada pessoa que é cativada pela feira ou pela actividade cinegética para vir a Mértola acaba por ver parte do património, o edificado e a envolvência natural desta vila, o que também é muito impactante, porque é uma vila lindíssima e tem esta envolvência natural que a torna ainda mais bonita. Um evento como a Feira da Caça de Mértola consegue ter esta importância toda e é um momento fantástico de promoção e divulgação do concelho de Mértola, da actividade cinegética e de tudo aquilo que é a caça para a população deste concelho.
Qual a importância do sector na economia local?
A caça é um dos sectores que produz mais receita e é uma actividade que continua a dar alguma empregabilidade. É certamente um dos pilares muito importante para a economia local, pois produz muita receita, produz riqueza e distribui parte dessa riqueza pelo território.
A época de caça, tendo seis meses de actividade e milhares de pessoas que vêm a Mértola para caçar, acaba por ocupar áreas da nossa economia que não têm nada que ver com a caça, mas que acabam por beneficiar da própria caça. É uma actividade que cria dinâmica, não só na época de caça mas também no período de defeso, pois as pessoas regressam a Mértola com saudades e acabam por trazer outras pessoas com eles. E isso é o que faz surgir dinâmica turística em Mértola.
Sente que o sector que tem margem para crescer?
A caça, como outros sectores, tem momentos altos e baixos. A caça em Mértola neste momento vive alguma ascendência, depois de um período muito negativo nos anos de 2008-2009, com o decréscimo da população de coelho-bravo, que só no ano passado deu sinais de aumentar. Os últimos seis anos foram muito difíceis para as zonas de caça, nomeadamente as turísticas, mas esta última época já foi melhor. Se calhar esta [época a] que estamos a assistir irá ter mais algumas melhorias e penso que os próximos dois/ três anos serão de algum acréscimo na actividade cinegética. De qualquer das formas, acho que há sempre margem de crescimento em tudo. E há sempre oportunidades que surgem. No caso da actividade cinegética, imaginemos que há um conjunto de propriedades de caça que estão mal exploradas ou que não estão devidamente exploradas… O que acho que isto pode fazer é que surjam oportunidades para outras pessoas e empresas se fixarem no território, e aí renovar a dinâmica económica associada à actividade cinegética.
Nesse sentido, que estratégia tem o Município de Mértola para capitalizar este eventual crescimento da actividade cinegética no concelho?
Desde que traçámos esta estratégia de aproveitamento de uma das situações – neste caso a caça – em que o concelho de Mértola tem apetência natural, temos sabido muito bem aproveitar esse factor natural e este conjunto de pessoas e entidades que já estavam a trabalhar no território, para fazer com que esse “produto” pudesse passar a ser aproveitado de uma outra forma, criando essa dimensão económica no território e criando uma melhor imagem de Mértola. Esta estratégia que o Município traçou – na minha opinião acertadíssima – tem dado frutos e continuará a dar esses frutos, porque iremos continuar com esse trabalho. A nossa intenção é estarmos na vanguarda do sector, trabalhar com todos mas procurar assumir a liderança, sendo inovadores e imaginativos na procura de soluções e até na discussão dessas mesmas soluções com todos os que têm algum interesse no sector e que praticam esta actividade.