O presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB), António Aires, considera que a agropecuária continua a ser “um setor fundamental” nesta região, mas não esconde que, “neste momento, os sinais são de preocupação” relativamente ao futuro.
Na opinião do dirigente da associação sediada em Castro Verde, a atividade agrícola “evita o abandono das explorações e do território” e “permite a salvaguarda da biodiversidade e das várias espécies estepárias, como a abetarda e o sisão, que fazem parte da região”.
Ainda assim, argumenta, são muitas as preocupações face ao futuro, a começar pelos impactos das alterações climáticas, que causam “secas cada vez mais consecutivas”.
A par disso, “estamos preocupados com o agravamento dos custos com os fatores de produção, que prejudica o rendimento das explorações”, acrescenta António Aires.
Segundo o presidente da AACB, estes dois fatores – seca a e aumento dos custos de produção – têm contribuído para uma diminuição do efetivo pecuário no Campo Branco.
“Na parte dos ovinos não temos uma diminuição muito acentuada, é mais no efetivo reprodutor. E nos bovinos temos 10 a 15% de efetivo a menos, com a probabilidade de, a continuar o ano assim, no final do período de retenção haver mais diminuição”, alerta.
“Estamos preocupados com o agravamento dos custos com os fatores de produção, que prejudica o rendimento das explorações”, acrescenta António Aires
O presidente da AACB mostra-se ainda preocupado pelo facto de existirem muitas dúvidas relativamente ao Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC) para Portugal no período 2023-2027, que integra as medidas de apoio para se alcançarem os objetivos específicos da União Europeia para a Política Agrícola Comum (PAC).
“Vamos fazer o balanço das medidas a que os produtores podem ou não aderir e se são executáveis neste PEPAC”, adianta António Aires, que se mostra apreensivo “em relação aos pagamentos de acordo com os calendários previstos em anos anteriores”.
O dirigente diz ainda que, em matéria de medidas agroambientais, a AACB “tem algumas propostas a fazer [no âmbito] do PEPAC”.
“E temos a esperança de conseguir outras medidas a que os produtores possam aderir”, conclui.