“Medidas extremamente cegas, que ninguém ainda demonstrou que vão ter o efeito desejado” – é desta forma que o economista bejense José Pires dos Reis classifica as novas medidas de austeridade anunciadas pelo Governo PSD/ CDS-PP, nomeadamente a redução da Taxa Social Única (TSU) para as empresas compensada pela subida em sete por cento das contribuições dos trabalhadores para a Segurança Social.
Militante do PSD e candidato social-democrata à presidente da Câmara de Beja em 2009, Pires dos Reis reconhece a necessidade do país equilibrar a sua balança comercial e o orçamento, mas defende que sejam “estudadas outras medidas” para resolver o problema.
“Não me parece que seja este o caminho mais indicado”, argumenta o economista, para quem as medidas anunciadas para o próximo Orçamento de Estado vão ter um “efeito contrário” àquilo que é desejado pelo Governo.
“Vamos afogar completamente a economia e estas medidas só vão favorecer as empresas exportadoras. Mas 93% do nosso tecido empresarial vive do mercado interno e este vai ser muito penalizado, porque se as pessoas não têm dinheiro ainda vão comprar menos”, diz Pires dos Reis.
O economista bejense vai mais longe e considera mesmo ser “completamente absurdo” exigir mais sete por cento de desconto para a Segurança Social, garantindo como contrapartida um crédito de imposto.
“Não faço a mínima ideia como é que [este crédito de imposto] vai existir porque estas pessoas nem deduzem IRS na maior parte das vezes”, justifica.
Tudo isto leva o social-democrata a considerar ser “preferível estudar outras alternativas e não sobrecarregar” ainda mais o rendimento dos trabalhadores “por esta via”, até porque “não vai haver retorno para as pessoas deste pagamento adicional à Segurança Social”.
“Futuramente deveríamos ter um acréscimo das reformas, já que iremos descontar mais. Se não existir esse retorno, estamos perante uma tremenda injustiça. E esse é um problema que o país já não aguenta, pois as pessoas estão completamente saturadas de pagar e pagar e pagar sem que vejam qualquer retorno do esforço que fazem no dia-a-dia”, conclui.
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