Em entrevista ao “CA”, o presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, António Saraiva, explica os motivos da avaliação interna em curso na Delegação de Beja, refutando a possibilidade desta vir a ser encerrada.
A Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) realizou uma auditoria interna à sua Delegação de Beja. Com que objetivo?
A comunicação social local chamou-lhe auditoria e não me escandaliza o termo. O que acontece é que nós criámos uma equipa de trabalho interno, uma equipa polivalente, para junto das delegações mais problemáticas – seja em termos da sua situação financeira, seja em termos das valências que desenvolvem – avaliar as possibilidades, os prós e os contras, para que depois possamos tomar decisões para ajudar a desenvolver melhor esta ou aquela valência, ajudar a encontrar novas valências. É um grupo de trabalho interno, que vai às delegações fazer um levantamento da situação e ver margens de melhoria.
Poderá estar sobre a mesa um eventual encerramento total da Delegação?
Não, não, não! Isto é um grupo de trabalho interno que criei para ir a um conjunto de delegações com problemas diferentes e fazer essa avaliação das valências que se podem aumentar, daquelas que se podem mudar, do aproveitamento que se possa fazer, do apoio de tesouraria que seja necessário… É este trabalho de auditoria e avaliação que está a ser feito, com este objetivo.
Ou seja, e permita-me a insistência, a CVP vai manter em Beja respostas como o SAD ou a emergência?
Exatamente! Vamos fechar os lares, mas não vamos abandonar as outras valências. Desde o princípio que estou a falar com o presidente da Câmara [de Beja, Paulo Arsénio], com a Santa Casa [da Misericórdia] de Beja e com uma série de entidades para irmos, em parceria, aumentar as valências e aproveitarmos ao máximo as pessoas.
Existe uma data para haver conclusões deste trabalho de avaliação interno em curso?
Como digo, Beja vem juntar-se a outras que estão a ser realizadas. E desse trabalho vai resultar recomendações que serão apresentadas à direção, que depois valida, altera… Ou seja, estamos a fazer a “radiografia” para, de acordo com a mesma, vermos como se deve tratar melhor o “doente”. A “radiografia” vai definir os procedimentos que temos de adotar, porque cada caso é um caso, cada região é uma região.
No caso concreto de Beja, surpreendeu-o a situação em que encontrou a Delegação da CVP? A situação é preocupante?
Foi uma surpresa para mim! Quem entra como entramos, em julho passado, para uma organização com 159 anos de existência, um universo de delegações de 159 na altura, com 2.800 trabalhadores, 1.800 viaturas, obviamente que não estávamos à espera que tudo estivesse “sobre rodas”. Sabíamos que iríamos encontrar situações boas, situações “assim assim” e algumas com problemas, que já tinham sido sinalizadas pela direção anterior. Mas no caso concreto de Beja, pensava que as coisas estariam melhor do que as que fomos encontrar. Paciência, a vida é como é e os problemas resolvem-se, não os podemos empurrar com a barriga para debaixo do tapete. Temos problemas, resolvemos, que é essa a nossa obrigação.