Margarida Maio, de 16 anos, natural de Aljustrel e estudante do 11º ano em Beja, foi “astronauta por um dia”, durante a iniciativa promovida no domingo, 3, pela Agência Espacial Portuguesa. Em entrevista ao “CA” conta como foi estar sem gravidade e não esconde que o Espaço a fascina “desde pequenina”.
Como foi a experiência de ser “astronauta por um dia”?
Toda a experiência – desde o primeiro dia, onde apenas nos apresentámos, ao último dia, onde realizamos o voo Zero-G – foi incrível. Na última fase desta experiência, em que participei como finalista, passámos três dias em Beja a desfrutar de vários momentos de aprendizagem e consegui conhecer e conviver com pessoas de todo o país, incluindo as ilhas, e descobrir um pouco mais dos sotaques e culturas do nosso lindo país. Esta experiência também me permitiu conhecer mais sobre a Força Aérea, falar com o atual comandante da Base Aérea 11 e visitá-la. Consegui falar com dois astronautas que já estiveram na International Space Station (ISS) e aprender um pouco mais sobre o seu dia-a-dia no Espaço. Foram-nos dadas, também, algumas dicas de “como falar com os media” e como controlar o nervosismo e a ansiedade.
A sensação de estar sem gravidade foi como esperavas ou superou as tuas expectativas?
Antes de realizar o voo achava que a sensação de estar sem gravidade fosse quase como uma queda livre, onde sentimos um frio na barriga, mas na verdade estar sem gravidade não é nada semelhante a uma queda livre. Quando estamos em “gravidade zero” não sentimos nada – nem o corpo –, apenas “flutuamos” pelo ar, quase como se apenas estivéssemos lá com a mente. Assim, como era de esperar, o voo parabólico superou todas as minhas altas expectativas e a sensação de estar sem gravidade é, na minha opinião, inexplicável… Não conheço nenhuma sensação igual ou semelhante!
Estavas muito nervosa antes da descolagem?
Antes da descolagem não me sentia nada nervosa, apenas expectante, imaginando todo aquele momento e as sensações que iria experienciar. Só quando se aproximou o momento de começar a primeira parábola – o voo é composto por 15 parábolas de 22 segundo cada, nas quais estamos sem gravidade sendo as primeiras a gravidade de Marte e da Lua, respetivamente – é que comecei a ficar nervosa. Tive receio de não conseguir aproveitar o momento ou que, quando acabasse, esquecesse a sensação, mas tal não aconteceu.
Como surgiu esta oportunidade?
Eu soube deste projeto por uma palestra dada na minha escola pelos finalistas da primeira edição e como sempre me fascinei pelo Espaço resolvi participar por incentivo dos meus amigos e família.
Por que razão te fascina o Espaço?
Desde de pequenina que o Espaço me fascina, sobretudo a sua imensidão, pois tem tanto para descobrir que me faz pensar que eu também posso descobrir coisas fascinantes, como os astronautas e os cientistas que estão neste momento a trabalhar na ISS. Um facto relatado pelo astronauta e que, pela sua importância, considero também fascinante é que na ISS não existem guerras nem conflitos, como na Terra, apenas paz e ciência. Também a imensidão do Espaço me faz pensar o quão pequeninos nós somos e o quão importante uma descoberta sobre o Espaço pode ser para nós.
Que tipo de preparação tivestes de fazer para esta experiência?
Antes de me tornar finalista tive que passar por várias fases… A primeira fase foi apenas criar um vídeo criativo, onde tinha que me apresentar e explicar o motivo de me ter candidatado. Depois, na segunda fase, tive que realizar uma prova de memória, velocidade e raciocínio espacial. Na terceira fase tive que realizar provas de aptidão física, onde foi avaliado o meu equilíbrio, resistência, coordenação… Na quarta fase, que para mim foi a mais difícil de superar, tive que ser entrevistada pelo vice-presidente da Agência Espacial Portuguesa e por um elemento da Ciência Viva. E depois de todas estas fases, ainda tive que passar por uma série de exames médicos, para saber se estava apta para realizar o voo parabólico. Depois de ser finalista, já nestes três dias antes do voo, tive que obter conhecimento sobre algumas posições que tive de realizar no voo, sinais do capitão e outras informações importantes para a realização do voo.
Depois desta experiência, admites que o teu futuro possa passar por esta área ou já tens outros “planos”?
Antes de realizar esta experiência ainda não sabia que área queria seguir no meu futuro e esperava que depois desta experiência tivesse mais certeza do que escolher, se poderia ser esta área ou não… A verdade é que continuo com pouca certeza do que quero seguir, mas agora sei que se escolher esta área irei com certeza gostar.