Depois de ter brilhado com a camisola do clube, José Luís Prazeres deixou o Despertar para ser o novo treinador do Mineiro Aljustrelense e em entrevista ao “CA” garante uma equipa a jogar “virada para a frente” e “sempre a pensar nos três pontos”.
O convite para orientar o Mineiro Aljustrelense era irrecusável?
Sim, por todos os motivos e mais algum! Por tudo o que o Mineiro significa para mim, pela ajuda que o Mineiro me deu na fase mais difícil da minha vida, pelos títulos que ali ganhei e que foram os maiores da minha vida – essencialmente a manutenção na 2ª divisão B com uma equipa totalmente amadora, que foi para mim o maior título da minha vida. Há ainda o espírito de grupo que esta vila me ensinou a ter e a partilhar, o que o clube me ensinou apesar de já ser “velhote” quando aqui cheguei, a forma como fui tratado desde o primeiro dia
Esse foi um dos motivos [que me fez aceitar o convite]. Outro motivo – e também importante – é o patamar em que o Mineiro se encontra. Estamos a falar de um campeonato semi-profissional, que é uma das minhas ambições. Não sei será na altura exacta, pois está associado ao facto de um colega de profissão ter saído do comando técnico, mas tinha que agarrar esta oportunidade com unhas e dentes e uma vontade tremenda de ajudar o clube que muito me ajudou. Mas acima de tudo, com a consciência de que o que consegui até agora foi fruto do trabalho. E vou dar tudo pelo Mineiro!
No domingo, 15, já esteve com a equipa na derrota em Pinhal Novo (1-3). Uma entrada de “pé esquerdo” que não era, seguramente, a que ambicionava.
Seria muito fácil para mim, nesta altura, aquando do convite da direcção, ter rejeitado estar presente com a equipa [diante do Pinhalnovense], porque só fizemos duas unidades de treino. Mas quem me conhece sabe que sou um lutador. No futebol nunca desisti e acreditei sempre em mim, nos meus sonhos. E fi-lo porque acredito muito nesta equipa, acredito muito nos jogadores que o Mineiro tem à disposição. E fi-lo também porque acreditava que era possível sairmos de Pinhal Novo com os três pontos. Sabia de antemão que ia ser muito difícil jogarmos da forma que gosto de jogar. No entanto – e apesar do resultado não ter sido aquele que queria -, vi uma atitude enorme dos jogadores, o que me dá garantias para o futuro.
“Quero uma equipa virada para a frente, pressionante a campo inteiro, que queira ter muita bola, que seja agressiva no bom sentido da palavra, uma equipa organizada e sempre com o objectivo de conquistar os três pontos.”
José Luís Prazeres | treinador
O Mineiro Aljustrelense assumiu para esta temporada o objectivo da manutenção. Sente que esta é uma meta possível de alcançar?
Não sei se é um objectivo ao alcance [da equipa] ou não… Mas do muito que conheço deste campeonato, o Mineiro tem todas as condições – não direi este ano -, pelas infra-estruturas, pela excepcional massa adepta, pela direcção e por toda a gente que envolve o clube, para muito mais que lutar apenas pela manutenção. Obviamente que foi isso [manutenção] que me foi proposto e nesta fase seria utópico estar a pensar noutros voos. Esse terá de ser sempre o nosso principal objectivo. Focados jogo-a-jogo, encarando cada jogo como se fosse uma final, levando cada jogo de forma séria, concentrada e sempre com a mente na conquista dos três pontos.
Como vai ser “o Mineiro” do José Luís Prazeres? Que podem esperar os adeptos da equipa a partir de agora?
Acima de tudo, uma equipa que jogue olhos nos olhos, uma equipa sempre na busca dos três pontos. Podemos jogar três jogos para o empate, mas a minha mentalidade sempre foi jogar para ganhar. E mesmo se perder dois desses três jogos, se ganhar um são os mesmos três pontos. Por isso quero uma equipa virada para a frente, na procura do golo. E se ganhar 5-4 para mim é melhor que ganhar 1-0! Porque isso também atrai pessoas ao estádio – não nesta fase, infelizmente. Ou seja, quero uma equipa virada para a frente, pressionante a campo inteiro, que queira ter muita bola, que seja agressiva no bom sentido da palavra, uma equipa organizada e sempre com o objectivo de conquistar os três pontos.
Relativamente ao plantel, sente serem necessários ajustes ou está satisfeito com o que tem á disposição?
Posso garantir que quando aceitei este cargo, obviamente, fiz os “trabalhos de casa”. Sabemos o que temos e tudo o que poderá vir – ou não – para melhorar a equipa será discutido entre a equipa técnica e a direcção. Sabemos o que queremos, sabemos o caminho que queremos percorrer, mas isso serão sempre questões tratadas dentro do clube e nunca cá fora.
Assume o comando do Mineiro Aljustrelense numa época completamente atípica devido à pandemia. Acredita haver condições para o campeonato chegar ao fim?
Penso que sim. Obviamente que vivemos uma fase difícil, todos sabemos o panorama actual e que é preciso termos muitos cuidados. Mas isso parte essencialmente de nós. Se cada um olhar não só para o próprio umbigo, mas também para quem nos rodeia, poderemos acabar os campeonatos, não só o nosso como a nível distrital. Da parte do Mineiro – e já tendo feito uma deslocação com a equipa – senti que havia todos os cuidados. Mesmo durante os treinos há todos os cuidados. Por isso, como já disse, tudo vai depender de cada um de nós. Esperamos que esta fase passe rápido, que isto chegue ao fim e que voltemos a ter público nas bancadas, que no caso do Mineiro faz muita falta. São sem dúvida o nosso 12º jogador!