O presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB), José da Luz Pereira, é homenageado pela Câmara de Castro Verde às 21h00 desta segunda-feira, 14 de junho, dia em que se assinala o quarto aniversário da classificação do concelho como Reserva da Biosfera pela UNESCO.
Em entrevista ao “CA”, José da Luz Pereira frisa que a homenagem representa um reconhecimento ao trabalho da AACB no território ao longo de mais de três décadas.
O que representa para si esta homenagem pública do Município de Castro Verde?
[Risos] Bom, sou um pouco avesso a homenagens – e pessoais muito menos! Mas penso que seja o reconhecimento de um trabalho feito durante 35 anos em prol da agricultura e, no fundo, do concelho de Castro Verde e dos concelhos do Campo Branco. Quando criámos esta associação de agricultores não havia nada na zona e perante o desafio da entrada de Portugal na Comunidade Europeia era necessário que os agricultores se organizassem, para poderem ter acesso às ajudas que vieram a acontecer. Mas o mérito não foi só meu: foi de todos aqueles – inclusive alguns já cá não estão – que contribuíram para dar uma ‘pedrada no charco’ e as coisas andaram, felizmente, sempre bem. Hoje a AACB é, sem dúvida, um marco importante para todos os agricultores e um ponto de referência para todos nós.
Mesmo sendo avesso a homenagens, presumo que fique orgulhoso por este reconhecimento público pelo trabalho que tem desenvolvido o longo de décadas?
Como disse, não sou muito de homenagens… Mas a verdade é que a AACB – e neste caso eu, enquanto presidente – sente-se lisonjeada pelo facto de o município onde tem a sua sede e onde muito tem contribuído para o desenvolvimento da região se ter lembrado de me homenagear.
Sente que sem a AACB, a realidade agrícola seria muito diferente (provavelmente para pior)?
Não concebo de maneira nenhuma que o Campo Branco não tivesse uma organização deste valor. Numa zona essencialmente agrícola, de sequeiro e pecuária extensiva e tudo o que está associado às aves estepárias, com um património natural riquíssimo, fomos a primeira associação de agricultores a ter compromissos com medidas agroambientais a nível da Europa. Isso também é um marco fundamental da nossa existência! Portanto, não consigo ver o Campo Branco, com a sua especificidade própria, sem uma organização que o representasse. E hoje é fundamental para os seus associados, pelo apoio que presta em todos os domínios.
Qual o maior desafio que a agricultura do Campo Branco tem pela frente?
Neste momento, as dificuldades do sequeiro e da pecuária são acrescidas. Está a gastar-se muito dinheiro com o regadio – e nada temos contra o regadio –, mas é necessário que não se esqueça o sequeiro. Acho que devia haver em permanência uma linha de apoio para estas zonas mais desfavorecidas, uma coisa simples, com menos dinheiro, mas que teria um impacto muito grande nas explorações do sequeiro. Por outro lado, é preciso haver incentivos para haver mais jovens a ficar na agricultura. A nossa população agrícola está bastante envelhecida e é necessário – e urgente – que se criem rapidamente apoios mais apetecíveis para que os jovens possam ficar na região e trabalhar na agricultura. Tem de haver um esforço muito grande, senão corremos o risco de cada vez sermos menos, o que terá consequências na agricultura e na pecuária da região.
Uma noite de festa
A homenagem do Município de Castro Verde ao presidente da AACB, José da Luz Pereira, está agendada para as 21h00 desta segunda-feira, 14, junto à Igreja dos Remédios.
A cerimónia decorre no âmbito das comemorações do quarto aniversário da classificação do concelho como Reserva Mundial da Biosfera pela UNESCO e contará ainda com um concerto do Grupo de Violas Campaniças de Castro Verde e do músico Buba Espinho.