Investigadora de Entradas participa em estudo pioneiro sobre a doença de Alzheimer

A jovem investigadora Nádia Canário, natural de Entradas (Castro Verde), fez parte de uma equipa multidisciplinar de cientistas da Universidade de Coimbra (UC) e do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) que fez uma descoberta que pode ter importantes implicações no tratamento da doença de Alzheimer no futuro.

O estudo, coordenado por Miguel Castelo-Branco (da UC) e Isabel Santana (CHUC), permitiu a descoberta de um “hotspot triplo de patologia cerebral na doença de Alzheimer”, o que pode ter implicações muito relevantes em termos de terapias futuras, “dado que identifica, com clareza, um alvo cerebral de alteração precoce, implicado na perda de memória, que pode ser estudado diretamente e de forma focada em novos ensaios terapêuticos”.

“Estes resultados, ao identificarem um alvo cerebral precoce da doença poderá abrir caminho a terapias futuras, nomeadamente terapias focadas na redução da inflamação cerebral existente na mesma”, explica Nádia Canário ao “CA”.

Segundo a investigadora, “este seria um shift importante no estudo das terapias modificadoras da doença”, uma vez “que o enfoque mais tradicional a este nível são terapias dedicadas ou à redução da produção de beta amiloide ou à facilitação da sua limpeza ao nível celular”.

O envolvimento de Nádia Canário no estudo começou “há alguns anos atrás”, enquanto bolseira de investigação no projeto “Da molécula ao Homem: novas ferramentas de diagnóstico em perturbações neurológicas e psiquiátricas”, juntamente com a colega Lília Jorge.

“Este projeto tinha como objetivo estudar doenças neurológicas e psiquiátricas seguindo uma abordagem multidimensional e multidisciplinar, desde o nível celular até ao humano”, explica a jovem, acrescentando que o mesmo “deu origem a este estudo em particular, cujo resultado poderá ter um impacto positivo no conhecimento da doença e eventualmente na formulação de novas terapias”.

Segundo Nádia Canário, o projeto inicial permitiu dar “a conhecer um pouco mais da doença [de Alzheimer] e contribuir, através desse conhecimento, para que no futuro (próximo ou não) tenhamos uma melhor proposta terapêutica para teste doentes”.

“Ainda que o nosso estudo não seja na área da farmacologia, todo o conhecimento adquirido sobre a doença poderá ser crucial para posterior desenvolvimento de soluções terapêuticas”, afiança.

“Provavelmente continuarei a trabalhar em investigação pois é uma área cativante para mim e é a área que melhor se enquadra no meu perfil profissional.”

Com formação de base em Psicologia e mestrado em Neuropsicologia, Nádia Canário está ligada ao Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS) da Universidade de Coimbra.

“É uma unidade de investigação” cujos trabalhos “são na área da neurociência cognitiva, translacional e clínica”, revela a jovem entradense, que é bolseira de investigação no ICNAS “desde 2012” e tem trabalhado em vários projetos com funções específicas em cada um.

“Mas generalizando, o meu trabalho pode ser resumido em funções como avaliação cognitiva dos participantes nos estudos que estão a decorrer, processamento de dados de neuroimagem funcional e o seu respetivo trabalho estatístico e escrita de artigos científicos para publicação em revistas internacionais na área das neurociências”, resume.

Nádia Canário está neste momento a terminar o seu doutoramento, o que conta fazer “em 2023”. “Depois disso, provavelmente continuarei a trabalhar em investigação pois é uma área cativante para mim e é a área que melhor se enquadra no meu perfil profissional”, conclui.

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Correio Alentejo

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