Foi conhecido (logo na noite das eleições e pouco depois) o que, pessoalmente, pensava sobre António Costa e da sua imediata reação aos resultados eleitorais de 4 de Outubro. Tive ocasião de o dizer publicamente, mas também dentro dos únicos órgãos próprios a que pertenço (comissões políticas Concelhia e Federativa do meu partido).
Também fui e continuo, particularmente, crítico ao acordo estabelecido pelo PS com o BE e PCP/PEV, partidos que, ideologicamente, continuam distantes (em muitos aspetos) do PS e apresentam-se como demasiado ‘voláteis’ para serem parceiros de confiança (o PCP tem aparecido quase todos os dias a tentar justificar a colagem ao PS. A título de exemplo, e alguns saberão isso, como ao próprio secretário-geral comunista lhe tem sido bastante penoso justificar a posição perante muitos dos seus próprios camaradas).
Neste aspeto, permaneço cético e só a realidade e uma durabilidade da solução, com resultados claros, me poderá fazer ver de forma diferente.
Porém, em relação a António Costa, só tenho, nesta altura (contrariando o que disse anteriormente), elogios e adjetivos positivos.
A sua perspicácia, flexibilidade, espírito enérgico e determinado, fizeram dele (de forma legal e legítima, disso não há dúvida) um primeiro-ministro que passou, claramente, o “teste de sobrevivência” e é, por estas alturas, quem nos pode permitir ter esperança e confiança (palavras completamente arredadas do vocabulário destes PSD/CDS) no nosso país.
Para concretizar esta ideia, devo dizer que fiquei especialmente bem impressionado com a escolha dos membros do Governo e essa será uma boa indicação de que estamos com as pessoas certas para os lugares certos!
É um Governo equilibrado, de gente conhecedora dos problemas do país e forma de os resolver. Não é por acaso que mesmo a direita mais agressiva tenha sido uma opositora (quase) inexistente à composição deste XXI Governo Constitucional!
A atitude de diálogo (mas também necessariamente de decisão) voltou, depois de inexistente, a pretexto de um “estado de emergência” de quase quatro anos, a estar na ordem do dia, e isso é, também, fundamental para a democracia.
Os (primeiros) sinais deste Governo são, pois, encorajadores e necessários para o país.
Não se poderá, como infelizmente muita gente pensou, “pedir o Mundo”. Há obrigações a cumprir a nível internacional e terão que ser respeitadas e isso já ficou bem patente nas primeiras deslocações a Bruxelas do novel ministro das Finanças.
Alguns poderão, sempre, ficar desiludidos com o não-cumprimento de muitas das aspirações e das necessidades e esse será mais um desafio com que o primeiro-ministro e o PS terão que lidar no desempenho e função…
O maior desafio será, para bem de todos nós, fazer com que este Governo (não obstante todas as dificuldades) dure o maior tempo possível. Precisamos de estabilidade (de que aliás a direita beneficiou) para consolidar as ideias e as políticas e para, em termos gerais, proteger as pessoas e o país!
PS – Faço aqui uma Declaração de Interesses: não publiquei este texto com qualquer intuito de obtenção de “favor” ou de “lugar político”, dado que a única motivação que tenho chama-se cumprimento de mandato para o qual fui eleito na Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo.
* Escrito com o novo Acordo Ortográfico