Na minha última crónica pressagiava o que estaria para acontecer nos Estados Unidos com a tomada de posse desse elefante destravado em loja de cristais chamado Donald Trump.
Pois bem! O homem não só leva à letra as promessas feitas em campanha, como parece fazer tábua rasa das seculares instituições democráticas, teimando em gerir o país como se de um construtor civil sem alvará se tratara.
O homem percebe tanto de política como eu de lagares de azeite. Na verdade parece mais uma criança mimada habituada a que lhe façam todas as vontadinhas e, quando tal não acontece, faz birra através do twitter insultando este mundo e o outro, pouco se preocupando com o impacto do seu vómito verbal.
Quando em Portugal afirmamos que a classe política vigente é medíocre, interesseira e tendenciosa, quase que me apetece dar-lhe abracinhos e beijinhos. Apetece aconchegá-la e pedir-lhes desculpa pelo juízo errado que deles faço se comparada com a família Adams que acaba de aterrar na Casa Branca.
Tomemos como exemplo a conselheira do presidente Kellyanne Conway, uma espécie de retroescavadora falante que pouco se importa se o que diz é verdade, desde que ela acredite nas suas próprias mentiras.
Dou como exemplo o massacre de Bowling Green hipoteticamente levado a cabo por dois iraquianos radicalizados. O massacre nunca existiu mas ela culpou os media americanos por não o cobrirem.
Só por este, chamemos-lhe, lapsus linguae, esta conselheira seria de imediato exonerada com justa causa em qualquer governo democrático que se preze.
Como tal não aconteceu, dias depois a desabrida Kellyanne não se coibiu de fazer uma sessão gratuita de televendas a partir das instalações oficiais da Casa Branca a favor de Ivanka Trump, exortando os americanos a comprarem os produtos da marca da filha do presidente. Assim mesmo… Sem fófó nem gaitinha!
Acho que nem sequer vale a pena falar da obrigação constitucional de separação de negócios pessoais e familiares versus cargo presidencial que esta conselheira ignora olimpicamente.
Choveram criticas por todos os lados. Especialmente dos meios de comunicação e redes sociais, enquanto que do gabinete presidencial, pasme-se, vinham os mais tecidos elogios à desfaçatez das destrambelhada conselheira. No entretanto, Ivanka Trump esfregava as mãos de contente com o acesso a tão barato e poderoso meio de promover os seus produtos e empresas que, ou muito me engano, serão em sociedade com um senhor que costuma usar gravatas vermelhas até aos joelhos.
De Trump(alhice) em Trump(alhice) vamos preenchendo o anedotário planetário. O pior virá, quando um dia acordarmos e o homem tiver declarado guerra, mas a sério, ao mais improvável dos seus aliados.
Que os deuses me permitam estar errado!
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