Quando se fala de desenvolvimento e de investimento, normalmente as questões estão a par uma da outra, já que não há desenvolvimento sem investimento, seja ele público ou privado.
Acredito mesmo que o investimento público é a mola real e atractiva para o investimento privado, sendo que o primeiro tem que ser gizado, programado e desenvolvido, tendo em conta aquilo que são as reais potencialidades, ou seja, o investimento público é fundamental para que se possa atrair o investimento privado. E por isso, não entendo que se faça tanto alarido no que ao investimento público diz respeito, nesta fase da vida pública, quando o desemprego galopa desenfreadamente e quando muitas, mas mesmo muitas famílias, estão a ser empurradas para a pobreza por força da perda de postos de trabalho.
Nesta situação em concreto, os investimentos públicos, em estradas, auto-estradas, pontes, edifícios públicos, aeroportos e até mesmo caminhos de ferro, podem e devem ser empreendimentos que ajudem a criar postos de trabalho e a minimizar a questão do desemprego.
Sendo isto verdade, não é menos quanto aos salários pagos e o que estes podem e devem contribuir para o crescimento da economia real. É que se os trabalhadores tiverem emprego e os salários forem compensadores, isto é, criando um nível de vida dentro do razoável, o poder de compra dos trabalhadores vai ajudar de forma decisiva o crescimento da economia, quer do comércio de uma forma geral quer da indústria, que se desenvolverá naturalmente.
O exemplo para mim a que tive acesso recentemente é o de um concelho do norte do país, com uma forte implantação da industria do móvel.
Esse concelho (Paredes), tem cerca de 1.300 empresas da indústria do móvel, o que faria supor estarmos perante uma população com emprego e com capacidade de compra acima do normal. Mas não! Esta zona insere-se numa região, a do Vale do Ave, que continua a ser pobre, isto porque apesar do desenvolvimento, os baixos salários não permitem um nível de vida elevado.
Existe contudo algum desemprego e, com a situação actual dos mercados nacional e internacional, a tendência é para que os salários não cresçam.
Isto mesmo é defendido, por muitas entidades patronais, que dizem ser muito difícil manter a actual situação, mas esquecem-se todos que, quanto menos poder de compra as pessoas tiverem, maior será a crise.
É preciso, é necessário, eu direi que é fundamental que se entenda, que em momentos de crise, e já agora fora dela, não podem ser sempre os mesmos a pagar a factura, porque o filme está mais do que visto. Para parar o défice público, pediu-se a contenção salarial, mas quando existiu folga e se permitiu e se permitem lucros exagerados às grandes empresas e os chorudos ordenados e regalias aos administradores, aí já não se pode aumentar os ordenados, nem sequer procurar equilibrá-los à União Europeia, porque dizem (sempre os mesmos) que o país é pobre e não comporta tal situação.
Em ano de três eleições, para a União Europeia, para a Assembleia da República e para as Autarquias Locais, é bom que os trabalhadores, em particular, e a população em geral, não esqueça estas lições.

Novas incubadoras de empresas avançam em Odemira e São Teotónio
A Câmara de Odemira vai avançar com a criação de dois novos espaços de incubação de empresas, um na sede de concelho e outro na