Estamos exactamente nesta semana entre duas datas importantes em Portugal, ou seja, estamos entre o 25 de Abril e o 1º de Maio, duas datas históricas e com uma carga de recordações extremamente importantes para o povo português.
A primeira data a comemorar recorda o 25 de Abril de 1974, data gloriosa da revolução, onde os militares e o seu MFA – Movimento das Forças Armadas, ou Movimento dos Capitães, levaram a efeito um levantamento militar que rapidamente se tornou um levantamento nacional, onde os civis aderiram de alma e coração à revolução que despontava e que derrubou definitivamente um velho e arcaico regime fascista ligado ao que mais nefasto e odioso existiu na Europa, esta velha Europa que está cheia de boas e também más recordações ligadas às duas grandes guerras mundiais que assolaram o século passado e assolaram, sobretudo, os povos que nessas datas viveram e por elas passaram.
Essas mazelas ainda hoje se fazem sentir, quer alguns queiram esquecê-las ou as procurem branquear.
É bom não esquecer que o fascismo existiu em Portugal e que o seu regime durou 48 anos, levando para a prisão muitas centenas de portugueses que se opuseram, desde a primeira hora a esta ditadura.
É bom não esquecer que as prisões políticas existiram e que foram presos sem culpa formada, muitos comunistas e outros democratas.
É bom não esquecer que os Tribunais Militares Especiais existiram e que julgaram a seguir ao Maio de 1928, e até depois de 1945, os que se opunham ao regime fascista. E que depois destes vieram os Tribunais Plenários, onde foram julgadas (se a isso podemos chamar julgamentos) e condenadas muitas centenas de opositores, sobretudo comunistas.
É preciso lembrar que o Tarrafal existiu e que sofreram ali torturas e sevícias muitos democratas. O campo da morte lenta existiu, faz parte da nossa memória colectiva, mas também da homenagem que temos obrigação de prestar àqueles que ali sofreram e que ali tombaram em nome da liberdade.
Tentar esquecer propositadamente ou tentar branquear o regime é um crime. Um crime que lesa a memória, um crime que lesa a liberdade.
Bem sei que, sobretudo os partidos da direita, nesta data procuram fazê-lo e até dizem que o 25 de Abril não tem dono, que foi apenas um episódio da nossa história.
É preciso recordar que o dono do 25 de Abril é o povo português, e esse mesmo povo é o dono da soberania portuguesa.
Os órgãos de soberania, a Assembleia da República e o Presidente da República, detêm-na em nome do Povo Português.
Por isso, porque marca a data da liberdade conquistada, o 25 de Abril não é apenas uma data histórica. É uma data extremamente importante na nossa memória e responsabilidade colectivas.
Quanto à segunda data, o 1º de Maio, ela representa também uma data histórica da luta dos trabalhadores, que no mundo lutam por melhores condições de trabalho. É também uma data de memória colectiva de avanços e recuos na liberdade de escolha do trabalho e das condições sociais a ele ligados.
Em Portugal não temos fugido a essa regra a nova versão do Código de Trabalho aí está, infelizmente, a prová-lo.
Esta nova peça legislativa é ainda pior que a primeira versão da autoria de Bagão Félix, o ministro do Trabalho do Governo de Durão Barroso.
Este traz no seu conteúdo programático manifestas malfeitorias para os trabalhadores portugueses, mas estou certo que jamais conseguirão quebrar as vontades dos trabalhadores em lutar por condições de vida dignas e de trabalho seguro.
Por tudo o que fica dito, é importante reafirmar que o espírito de Abril vai ser continuado em Maio.
Viva o 25 de Abril.
Viva o 1º. de Maio.

GBH e Onslaught no Mira Fest em Odemira
Os britânicos GBH e Onslaught, assim como os portugueses Mata Ratos e Corpus Christii, são algumas das bandas confirmadas na edição deste ano do Mira