Só agora é que são jovens…

Quinta-feira, 18 Dezembro, 2014

Carlos Pinto

director do correio alentejo

Há já algum tempo que podemos ver na TV vários anúncios de um sítio na Internet onde cada um de nós pode vender aquilo que bem entender, desde roupa a automóveis ou outros utensílios dispensáveis. Ora uma das mais recentes versões desse anúncio coloca um jovem com o dilema de vender, ou não, o rádio antigo da sua avó. A indecisão perdura até que o “lado mau” da consciência do “vendedor” o convence com um simples argumento: “É um rádio antigo. Como a tua avó!” E assim o objecto se torna numa pilha de moedas…
O anúncio até pode ter a sua piada para algumas almas mais amorais, mas não deixa de revelar um sentimento crescente na sociedade portuguesa: a de que uma vez chegados a velhos, tudo passa a ser descartável. Sejam eles objectos, trabalhadores ou até familiares…
Só assim se explica que haja tantos idosos abandonados em camas de hospitais ou deslocados das suas casas para lares em terras que nadas lhes dizem. Ou que se vejam empresas abdicar de trabalhadores com anos e anos de casa em nome da clássica desculpa de ser necessário cortar nos custos (depois entrarão os mais jovens com contratos precários e vencimentos míseros).
Ora uma sociedade que age assim, sem respeitar no presente aquilo que é o seu passado, dificilmente terá futuro. E aqueles que praticam ou ordenam este tipo de comportamentos deviam ter em conta que só agora é que são jovens. Próximo está o tempo em que serão também idosos… ou velhos, comos alguns dizem sem pudor. E talvez nessa altura nem valham sequer uma pequena pilha de moedas, muito menos o respeito que hoje não demonstram!

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