Pinho e a mina de Aljustrel

Paulo Pisco

Membro da Assembleia Municipal de Serpa

O episódio ocorrido no Parlamento que levou à demissão do ministro da Economia, Manuel Pinho, é bem elucidativo da tensão que o Partido Comunista procura gerar na sociedade portuguesa, sobretudo em volta de projectos que são emblemáticos em termos de emprego e de desenvolvimento.
É o caso das minas de Aljustrel, como tem sido o caso da Auto-Europa, em que ainda recentemente o secretário-geral da UGT, João Proença, disse terem sido os sindicatos comandados pelo Partido Comunista que levaram à radicalização dos trabalhadores e puseram em risco postos de trabalho e, no limite, até a permanência da própria empresa em Palmela.
É óbvio que o ministro se excedeu e nada justifica o gesto. Mas excedeu-se porque não conseguiu resistir à provocação continuada do Partido Comunista, que desde que as minas de Aljustrel recomeçaram a laboração não tem deixado de rondar e pressionar a administração da empresa, aparentemente como forma de assim continuar a manter a sua visibilidade e influência no concelho e na região. Ao ponto de ter até enviado funcionários políticos para controlarem o processo e manterem a atitude implicativa, mesmo que isso possa trazer problemas para o concelho e para as suas gentes.
O Partido Comunista ainda se julga dono do Alentejo e o único defensor dos trabalhadores. Para o PCP, os trabalhadores têm de ser pobres e sem esperança, porque, se ganharem bem e tiverem boas condições, o mais certo é votarem noutros partidos. De facto, o Alentejo ainda é o seu último bastião, o palco a partir de onde pode continuar a afirmar que é um partido influente na sociedade portuguesa. Qualquer projecto económico bem sucedido, seja apoiado pelo Governo ou por privados, é sempre susceptível de reduzir a sua margem de influência eleitoral. E, por isso, sob a capa da defesa dos trabalhadores, estará a intenção de atrapalhar o bom desempenho dessas empresas. Em termos de estratégia crua, é mais rentável para o Partido Comunista poder dizer que o Governo não cria empregos do que aceitar investimento que os crie, mas que possam desviar os votos de que precisa para continuar a sobreviver.
O Alentejo é uma região que precisa desesperadamente de investimento e de empresas para criar riqueza e fixar gente, para combater a desertificação e o envelhecimento populacional, problemas sérios e difíceis de resolver. E os governos do PS, inegavelmente, têm sido os que mais têm feito pela região, apoiando grandes projectos que podem constituir uma verdadeira mola do desenvolvimento, atracção de investimento e fixação de população. Pelo contrário, o Partido Comunista, com a sua aversão às empresas e aos empresários, só tem contribuído para o empobrecimento da região.
Como se não bastasse o risco associado ao investimento, as empresas ainda precisam ter uma imensa paciência para os sindicatos comandados pelo Partido Comunista, que têm tudo menos uma atitude positiva, construtiva, compreensiva e de cooperação. E que, naturalmente, desmotiva os potenciais investidores e põe em risco o investimento e a criação e manutenção de empregos. Ao que parece, é isso mesmo que quer o PCP.
O ex-ministro Manuel Pinho empenhou-se muito para que as minas reabrissem e as pessoas tivessem emprego e, por isso, terá reagido de forma irreflectida à provocação do Partido Comunista. Foi a gota que fez transbordar o copo. De facto, depois do Governo de José Sócrates se ter empenhado totalmente na reabertura das minas e apoiado o investimento, que teve de ser tirado a ferros, e depois de outra empresa ter abandonado o projecto, é inaceitável que o Partido Comunista mantenha uma atitude de guerrilha permanente, que põe em risco projectos que são importantes para as pessoas e para a região.
E o Partido Comunista não hesita sequer em inventar cheques e em denegrir de forma inqualificável o clube Mineiro Aljustrelense, manchando a sua imagem e a da direcção. Por uma razão simples: porque não o controla e, por isso, não hesita também em atacar o clube, que é uma verdadeira instituição do concelho. O clube não merece isso, Aljustrel e os aljustrelenses não merecem tamanha agressão.

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