Às vezes nas nossas vidas há felizes coincidências. Ao estar a trabalhar na conclusão do órgão do concelho de Aljustrel, um pequeno jornal municipal que pretende “agitar as águas” e levar à reflexão dos munícipes, chega-me às mãos o “Correio Alentejo” e, logo no primeiro folhear de paginas, salta-me à vista o editorial, do director António José Brito (AJB), sob a pergunta “Há por aí oposições?”, que me levou a uma leitura atenta.
Mas a coincidência é que, nessa mesma altura, tinha-me chegado às mãos o artigo de opinião de um independente para o órgão do PS Aljustrel, que se intitulava “Debates – porque não há?”. O texto constatava, tal como AJB, que após o final da última campanha eleitoral autárquica se tinha instalado o silêncio entre os cidadãos do concelho. Dando as suas possíveis explicações para esta hibernação e fazendo votos para que, por diversas formas, se voltasse a conversar e debater os problemas e desejos das populações.
Obviamente que, no essencial, estou de acordo com AJB, pois não tem sido visível o trabalho das oposições locais e o debate frontal de ideias e propostas vai estando por fazer, o que menoriza as nossas democracias.
Contudo, não estou de acordo com as explicações e inevitabilidade que AJB desenvolve no seu editorial.
Primeiro porque, para mim, enquanto interventor socio-político, não pode nem deve haver resignações de que “tudo ficará sempre na mesma” – acredito e luto pela possibilidade de mudança.
Segundo, porque se em todos os partidos haverá militantes e simpatizantes que esperam pela recompensa “de um tacho”, não considero que tal aconteça com a maioria dos milhões de militantes que, nos seus locais e regiões, estão activos por convicções, ideologias e programas – a maldição das chamadas “politicas” só serve para liquidar a Democracia Participativa e deixar a seu belo prazer as jogadas dos “lobbies” que nunca são beliscados pela nossa comunicação social. E que vão comandando, muitas vezes, os destinos das várias comunidades territoriais.
Terceiro, por que nesta ausência de opiniões, debates e oposições, há responsabilidades repartidas por vários actores das nossas sociedades. Senão vejamos:
• Quais os órgãos de comunicação social regional e local que, fora dos períodos das campanhas eleitorais, realizam debates ou “mesas redondas”?
• Quais os jornais e boletins das Câmaras Municipais que acolhem opiniões livres, eventualmente críticas das situações vividas, e dão conta da forma como funcionam? E que debates se realizaram nos diversos órgãos autárquicos, que têm maiorias e minorias?
• De que forma a insubstituível comunicação social leva em consideração as realizações promovidas por organizações da Sociedade Civil Organizada e de interesse geral? Será que não as abafam no meio das acções ou inacções dos vários poderes constituídos?
Depois de assinalar o fatalismo de AJB e a ligeireza, e algum populismo, com que se tratou um assunto de maior importância para todos nós, é hora de ir às responsabilidades dos partidos que intervêm nos diversos locais que fazem o nosso Baixo Alentejo. Nesta matéria em que não há duas situações iguais, passam-se dois tipos de situações: uma em que, embora as oposições estejam activamente participantes nos órgãos autárquicos, não conseguem comunicar de forma eficaz as suas mensagens para a maioria das populações; outra, mais grave, em que os partidos minoritários consideram que o melhor é não intervir e participar enquanto eleitos pelo povo, pois só estariam a dar força aos poderes eleitos, sendo que o melhor é estar à espera de hipotéticos escândalos, para fazer uns comunicados, a maior parte das vezes, de baixa politica e intriguice.
Para terminar e não me ficar por “belas palavras”, devo esclarecer que os eleitos do PS nos diversos órgãos das autarquias do concelho de Aljustrel têm sido regularmente activos, numa postura de oposição construtiva e alternativa. Contudo, até há dias, essas iniciativas, propostas e presenças não saltavam “cá para fora”, por falta de comunicação com os eleitores do concelho. Mas, hoje, com a saída do pequeno jornal “Aljustrel – agora e sempre”, que demorou a sair por dificuldades financeiras e organizativas, pensamos estar a dar uma resposta cabal às justas perplexidades e constatações do director do “Correio Alentejo”, mas alertando para as suas responsabilidades e de colegas de profissão no marasmo da falta de debate de ideias, programas e intervenções quanto às necessidades que devem servir.
Por aqui me ficando, deixo saudações activas ao António José Brito e a todos os leitores.

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