É um dos temas na ordem do dia em Portugal. Um tema em relação ao qual, por diferentes ordens de razão, nenhum cidadão fica indiferente. E um tema importante, fundamental mesmo, na nossa razão de ser colectiva: a educação. É que nosso futuro passa por aqui.
Há algumas semanas atrás, por razões profissionais, necessitei de consultar publicações do Eurostat, a estrutura de estatística da União europeia. Graças à <i>net</i>, fiz o <i>download </i>do Eurostat Yearbook 2005, a publicação resumo principal das estatísticas globais, o anuário estatístico por definição. Organizado por capítulos, o capítulo 2 refere-se às áreas sociais saúde, emprego, trabalho, educação. E lá figuram os dados principais, que nos permitem saber a quantas andamos nesta Europa dos 25. Se na saúde as coisas não estão globalmente más, já na área da educação os dados são preocupantes: o nosso sistema de educação é claramente ineficiente, com uma enorme taxa de abandono, quer na escolaridade obrigatória, quer na escolaridade secundária ou na universidade. Isto com um dispêndio anual percentual em função do PNB que figura a meio da tabela. Ou seja, muito tem que mudar no panorama da educação em Portugal.
Não me parece que os estudantes portugueses sejam mais burros que a média europeia, ou que os professores sejam particularmente incompetentes. As razões de tal estado de coisas, são, como sempre, sistémicas. Têm a ver com opções erradas em momentos determinados, têm a ver com vanguardismos decorrentes do pensamento de decisores que, desgraçadamente, não perceberam que as suas ideias estavam muito mais para além do grau de desenvolvimento da sociedade, tem a ver com o facilitismo e o <i>laissez-faire </i>de muito boa gente nas coisas importantes do dia a dia. É que os problemas não são exclusivos da sociedade portuguesa. Não é só em algumas das nossas escolas que há situações graves de violência entre alunos e com professores. Não é só em algumas das nossas escolas que há situações gritantes de indisciplina descontrolada. O fenómeno é de sempre e é global – basta ler qualquer edição de qualquer jornal de referência internacional para ver que o assunto está presente, com a mesma ou maior magnitude, noutras sociedades para além da nossa.
Mas particularidades nossas, que <i>las hay, las hay</i>… A ministra da Educação, goste-se ou não da senhora, seja ela arrogante ou apenas incomodamente discreta e pouco sorridente (não deve ter grande vontade de sorrir, realmente…), tem posto o dedo em feridas importantes e, mais do que por o dedo na ferida, tem sabido escarafunchar devidamente a dita. E provoca, claro, as reacções, mais ou menos violentas, de quem se sente atingido ou julga que sente – professores, alunos, sindicatos e estruturas associativas de estudantes. Se eu fosse professor, muito provavelmente sentir-me-ia atingido pela generalização absurda e injusta sobre um grupo profissional saudavelmente heterogéneo. Se fosse estudante interrogar-me-ia, provavelmente, sobre a legitimidade espontânea dos candidatos a génios que aparecem na TV a falar em nome dos alunos em manif’s ditas espontâneas (a propósito: quem pagará a conta dos SMS?) contra as aulas de substituição. Se fosse sindicalista preocupar-me-ia com o tamanho do meu nariz: é que em sociedades como a nossa é cada vez mais importante ter uma visão, sindical e não só, que vá mais de um palmo à frente do nariz e, pelo que vejo, sindicalistas narigudos não abundam por estas bandas. Bastam dois pontos muito concretos. As aulas de substituição e o estatuto da carreira docente. Que a malta nova não fique entusiasmada por não poder gozar o “feriado” até compreendo. Agora que a escola, enquanto colectivo, se demita da sua função ao não ser capaz (??) de programar devidamente conteúdos para essas mesmas aulas (ninguém quer, de seu perfeito juízo, que um professor de latim dê uma aula de física), conteúdos esses que tenham a ver, entre muitas outras coisas, com a experiência do docente enquanto cidadão e que possam configurar momentos de inolvidável descoberta conjunta, é que não aceito. Como não aceito os “argumentos” com que se contesta o novo estatuto da carreira docente: somos todos assim tão bons para que cheguemos todos ao topo da carreira. Que é da avaliação inter-pares? Os realmente bons não se sentem incomodados?
Voltarei, provavelmente, a este tema…
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