O novo mapa autárquico

O novo mapa autárquico do distrito de Beja leva-nos a um “regresso ao passado”. Não no sentido pejorativo da expressão, mas apenas porque este volta a ser claramente pintado a vermelho com as cores do PCP/ CDU, que alcançou uma maioria significativa em presidências de câmaras face ao PS (que ainda assim foi o partido mais votado e o que mais mandatos garantiu). E se juntarmos aos 14 concelhos da região os quatro municípios do Litoral Alentejano que integram o distrito de Setúbal, a diferença entre comunistas e socialistas no que a maiorias diz respeito ainda aumenta mais.
Refreados os ânimos, que leitura devemos fazer destes resultados? Desde logo, importa sublinhar a capacidade que a CDU teve de aguentar o “choque” de 2009, conseguindo recuperar dois antigos “bastiões” e mantendo a maioria nas restantes seis câmaras onde já era poder. Também que o PS não fez o “trabalho de casa” que lhe era exigido, o que redundou na perda de Beja e Cuba para os comunistas. Como “consolação”, resta aos socialistas o reforço das maiorias em Aljustrel e Odemira e a reconquista de Almodôvar, à custa de um PSD (quase sempre coligado com o CDS) que teve uma noite para esquecer: perdeu a única autarquia onde era poder e viu o seu peso autárquico no distrito reduzido… a quase nada! Uma última palavra para o Bloco de Esquerda, agora praticamente “condenado” à inexistência autárquica, e para os movimentos independentes, que apenas conseguiram a maioria em quatro assembleias de freguesia.
Feitas as contas, o resultado é claro: o distrito de Beja “bipolarizou-se” completamente, com vantagem da CDU em detrimento do PS. Mas apesar desta maioria comunista, espera-se que nos locais onde todos se sentam à mesma mesa – comunidades e associações intermunicipais, sobretudo – haja capacidade de diálogo e cooperação e não um regresso aos maus velhos tempos do “quero, posso e mando”. Porque se assim for, alguns até poderão ganhar mas quem perde somos todos nós!