Nuvem cinzenta, futuro negro!

Francisco Orelha

presidente da Câmara Municipal de Cuba

Neste conturbado mundo em que vivemos, aliado a uma crise mundial que nos afecta a todos sem fim à vista, a Gripe A que vitimou milhares de pessoas por todo o planeta, a crise da moeda única que já fez uma vítima (Grécia), e em que noutros países como Portugal já se põe em causa a presença na União Europeia, terramotos, tsunamis, chuvas torrenciais de grande intensidade provocaram tragédias, morte e destruição em vários lugares do mundo… Haiti, Madeira, Chile, Brasil e tantos mais.
A erupção do vulcão na Islândia paralisou o tráfego aéreo na Europa inteira e teve repercussão a nível mundial, pondo em risco a economia. Assim se vê a fragilidade do ser humano. No entanto, a irreverência do homem continua a desafiar a natureza, contribuindo para a destruição do planeta. E nós por cá?
Tenho saudades de acampar na praia como o fazia em jovem, com os meus amigos naqueles verões já longínquos. Agora é perigoso. Como é perigoso andar nas ruas, principalmente sozinho. É difícil arranjar emprego. Fica caro ir ao médico. Nem sempre é aconselhável ir ao futebol. As pessoas já pouco se cumprimentam. As forças policiais perderam a autoridade. Os sindicatos representam e defendem os partidos e não os trabalhadores. Os professores levam pancada dos alunos. A Justiça não funciona, juízes e advogados não se entendem. A nossa privacidade está em risco, blogues anónimos, o flagelo das drogas, a entrada de estrangeiros sem controlo. As reformas são baixas. A dívida externa do país aumenta cada vez mais.
Trinta e seis anos depois de Abril, quanto mais tempo teremos que esperar para inverter estas tendências desanimadoras? A revolução dos três D – Descolonização, Democracia, Desenvolvimento – ainda está por concluir. A democracia ainda precisa e muito de ser melhorada. O desenvolvimento fica aquém das necessidades. E entretanto, se nada for feito, o descontentamento aumenta, as novas gerações vão responsabilizar-nos por tudo aquilo que não fizemos e devíamos ter feito… o futuro de todos irá ficar negro! É tempo de profunda reflexão por parte dos governantes, por parte dos governados, por toda a humanidade em geral.

<i>“Poder-se-ão colher uvas dos pinheiros ou figos dos cardos? Parece que queremos acreditar nesta falta de lógica tal é a força que fazemos para torcer a realidade à medida dos nossos apetites e conveniências. Mas é um engano, as árvores conhecem-se pelos frutos. E mesmo que vá buscar figos à figueira, só sei se a árvore é boa ou má, conforme a qualidade do fruto que der”</i>
<b>Padre Vasco Pinto Magalhães</b>

Não obstante, sou um homem de fé, de esperança, que continua a acreditar num amanhã sempre melhor.

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