Um grupo de cidadãos de Castro Verde apresentou ao Município, ainda antes da recente Feira de Castro, uma genuína preocupação com um alegado quadro de declínio deste nosso evento, sublinhado a crescente escassez de feirantes.
Infelizmente, esse declínio de participação de feirantes tem vindo a registar-se há dezenas de anos, não só porque as dinâmicas destes eventos e da sociedade têm sofrido alterações mas, sobretudo, porque cada vez mais as pessoa e os seus hábitos estão progressivamente a mudar.
Vale a pena lembrar que houve fatores concretos que levaram a este declínio. Mas é comummente aceite que a extinção do negócio de gado por razões sanitárias e a acentuação cada vez mais rigorosa das ações de fiscalização da ASAE e GNR são fatores que têm vindo a implicar bastante na dimensão da feira, com evidente diminuição de feirantes.
Quando o atual Executivo da Câmara tomou posse, em 2017, procurou lutar contra o evidente perda que vinha a acentuar-se. Isso foi feito com grande esforço orçamental e relevante aumento do programa cultural porque, basicamente, era preciso mudar a “receita” baseada exclusivamente em grupos corais e filarmónicas, porque tal solução não estava a atingir os objetivos pretendidos.
Por isso, a partir de 2018, criou-se um programa centrado na Praça da República, nas noites de sexta e sábado, com o objetivo de atrair e fazer permanecer mais pessoas na vila durante a noite e, no caso de sexta-feira, criando um clima inicial de “festa” que nunca existiu com as caraterísticas que hoje tem.
A par disso, fundou-se o “Almoço de Castrenses na Diáspora”, com o objetivo de “reconquistar” todos os que que perderam o hábito de vir à feira. Vale a pena dizer que, desde 2018, esse almoço reúne cerca de 200 pessoas que regressam à sua terra nesse dia, visitando igualmente a Feira de Castro e os seus familiares. A par disso, apostou-se na promoção e na divulgação em diversos meios, de formam a atrair outros públicos e dar visibilidade a Castro Verde e à Feira de Castro.
Concordamos que contrariar um declínio que os anos acentuaram não é simples. E tudo ficou mais exigente quando, pelo meio deste esforço de recuperação, nos anos de 2020 e 2021, a feira foi interrompida devido à pandemia Covid-19, num processo doloroso que, obviamente, teve consequências que hoje persistem.
Apesar de tudo isto, não ignoramos o problema!
Mas lutar contra o enfraquecimento da Feira de Castro é um desígnio de todos os Castrenses. Todos terão de assumir uma visão global, construtiva e útil, que não defenda exclusivamente interesses e sensibilidades particulares e de cada circunstância.
A Feira de Castro é um dos maiores espaços de pluralidade e tolerância que conhecemos. E isso, desde logo, valoriza muito Castro Verde e todos os Castrenses!
Logo, a nossa ver, não podemos permitir que a feira se feche na sensibilidade desta ou daquela rua. Não podemos excluir da feira a diversidade da programação, enclausurando-a em soluções fundadas, apenas, nos eventos de tradição e no seu respeitoso passado. Não podemos acantonar a feira apenas no largo e impedir que contagie toda a comunidade e toda a vila.
A Feira de Castro é a mais expressiva “marca” do concelho. E só prosseguirá como fonte de orgulho e identidade se todos, em conjunto, formos capazes de a continuar a engrandecer. Esse é, portanto, o desafio dos Castrenses: com tempo, ponderação e multiplicidade de pensamentos, devemos todos sonhar e continuar a construir a nossa feira como momento único que tem de continuar a ter futuro!
Felizmente, 2024 deu provas de como a Feira pode revigorar-se. Como há muito não se via, a Feira de Castro teve milhares e milhares de visitantes (só nas noites de sexta e sábado, mais de 5.000 pessoas!).
Temos a certeza que tão grande volume de visitantes encheu de orgulho todos os que gostam genuinamente de Castro Verde.
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