Não há feira como a de Castro!

Sexta-feira, 1 Novembro, 2024

António José Brito

Presidente da Câmara Municipal de Castro Verde

Um grupo de cidadãos de Castro Verde apresentou ao Município, ainda antes da recente Feira de Castro, uma genuína preocupação com um alegado quadro de declínio deste nosso evento, sublinhado a crescente escassez de feirantes.
Infelizmente, esse declínio de participação de feirantes tem vindo a registar-se há dezenas de anos, não só porque as dinâmicas destes eventos e da sociedade têm sofrido alterações mas, sobretudo, porque cada vez mais as pessoa e os seus hábitos estão progressivamente a mudar.
Vale a pena lembrar que houve fatores concretos que levaram a este declínio. Mas é comummente aceite que a extinção do negócio de gado por razões sanitárias e a acentuação cada vez mais rigorosa das ações de fiscalização da ASAE e GNR são fatores que têm vindo a implicar bastante na dimensão da feira, com evidente diminuição de feirantes.
Quando o atual Executivo da Câmara tomou posse, em 2017, procurou lutar contra o evidente perda que vinha a acentuar-se. Isso foi feito com grande esforço orçamental e relevante aumento do programa cultural porque, basicamente, era preciso mudar a “receita” baseada exclusivamente em grupos corais e filarmónicas, porque tal solução não estava a atingir os objetivos pretendidos.
Por isso, a partir de 2018, criou-se um programa centrado na Praça da República, nas noites de sexta e sábado, com o objetivo de atrair e fazer permanecer mais pessoas na vila durante a noite e, no caso de sexta-feira, criando um clima inicial de “festa” que nunca existiu com as caraterísticas que hoje tem.
A par disso, fundou-se o “Almoço de Castrenses na Diáspora”, com o objetivo de “reconquistar” todos os que que perderam o hábito de vir à feira. Vale a pena dizer que, desde 2018, esse almoço reúne cerca de 200 pessoas que regressam à sua terra nesse dia, visitando igualmente a Feira de Castro e os seus familiares. A par disso, apostou-se na promoção e na divulgação em diversos meios, de formam a atrair outros públicos e dar visibilidade a Castro Verde e à Feira de Castro.
Concordamos que contrariar um declínio que os anos acentuaram não é simples. E tudo ficou mais exigente quando, pelo meio deste esforço de recuperação, nos anos de 2020 e 2021, a feira foi interrompida devido à pandemia Covid-19, num processo doloroso que, obviamente, teve consequências que hoje persistem.
Apesar de tudo isto, não ignoramos o problema!
Mas lutar contra o enfraquecimento da Feira de Castro é um desígnio de todos os Castrenses. Todos terão de assumir uma visão global, construtiva e útil, que não defenda exclusivamente interesses e sensibilidades particulares e de cada circunstância.
A Feira de Castro é um dos maiores espaços de pluralidade e tolerância que conhecemos. E isso, desde logo, valoriza muito Castro Verde e todos os Castrenses!
Logo, a nossa ver, não podemos permitir que a feira se feche na sensibilidade desta ou daquela rua. Não podemos excluir da feira a diversidade da programação, enclausurando-a em soluções fundadas, apenas, nos eventos de tradição e no seu respeitoso passado. Não podemos acantonar a feira apenas no largo e impedir que contagie toda a comunidade e toda a vila.
A Feira de Castro é a mais expressiva “marca” do concelho. E só prosseguirá como fonte de orgulho e identidade se todos, em conjunto, formos capazes de a continuar a engrandecer. Esse é, portanto, o desafio dos Castrenses: com tempo, ponderação e multiplicidade de pensamentos, devemos todos sonhar e continuar a construir a nossa feira como momento único que tem de continuar a ter futuro!
Felizmente, 2024 deu provas de como a Feira pode revigorar-se. Como há muito não se via, a Feira de Castro teve milhares e milhares de visitantes (só nas noites de sexta e sábado, mais de 5.000 pessoas!).
Temos a certeza que tão grande volume de visitantes encheu de orgulho todos os que gostam genuinamente de Castro Verde.

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