A realização de uma feira de turismo este fim-de-semana na cidade de Beja, felizmente alguém teve o bom senso de não avançar com o outro evento entretanto também agendado, é um bom motivo para trazermos aqui dois ou três comentários em torno da questão do Turismo. A região, este Baixo Alentejo da planície e dos trigos do antigamente, corre os seus limites entre a Espanha e o Oceano Atlântico, entre a margem esquerda do Guadiana e as águas eternas de azul da costa de Odemira. Entre Barrancos e Mértola, naquela extensa linha raiana, por entre a infindável sucessão de serros, pequenas ribeiras, propriedades de milhares e milhares de hectares, está localizada uma das mais ricas e potenciais zonas cinegéticas do nosso país. Os olivais de Moura e Serpa, estendendo-se serra da Adiça, Preguiça e Ficalho acima, trazem uma visão quase telúrica de uma região que oferece uma gastronomia única na sensibilidade, nos odores, na suavidade. As vinhas quase douradas que se estendem por toda a região, oferecem, cada vez mais, razões de sobra para procurar novas experiências e sabores, marcar eventos e oferecer passeios a amigos por entre vinhas intermináveis, com a separação das diversas castas, os sistemas de rega, os sons dos espanta-pássaros, com os olhares simpáticos e sabedores de novos gestores que apostam na região (económica e socialmente) de uma forma como nunca antes se tinha visto. Aljustrel, Mina de S. Domingos e Neves Corvo têm uma oferta única na área da arqueologia industrial e do sempre fascinante mundo das minas que fazem regressar qualquer um ao sonho de infância de encontrar o tesouro. O Campo Branco dá guarida a espécies únicas na Europa decepada das suas raízes rurais. A abetarda, o cortiçol, o tartaranhão, o peneireiro das torres… A vila de Mértola e os seus museus… As espantosas muralhas de Serpa… Aquele triângulo Cuba, Alvito, Vidigueira… Mais do que Alqueva, o extraordinário espelho de água que se estende aos pés do Pedrógão, uma aldeia quase transmontana arrancada cada casa por entre medonhos penedos graníticos. A Serra de Almodôvar com cada canto sempre diferente, e agora que se aproxima o tempo da apanha do medronho… Os cantes das terras de Ourique… Corte Malhão, Aldeia de Palheiros. O vale de Sabóia e as árvores centenárias que recobram o Sol escuso deste início de Outono. São só algumas pinceladas desta região que recebe uma feira de turismo. Numa cidade que é “capital de distrito”. Que é, sem sombra de dúvidas, uma região potencialmente apta à actividade turística. E não apenas pela paisagem. Também pelas actividades de animação. As Palavras Andarilhas são agora… a Planície Mediterrânica e a Feira do Vale do Poço a semana passada. O Festival Islâmico, as Festas de Barrancos, a Semana Santa em Serpa, a Feira de Castro, os Santos em Alvito, a Feira da Água, a Senhora da Cola, S. Teotónio… a Ovibeja. Infindável a listagem. No entanto, todo este leque de oferta esbate-se num problema profundo. A divulgação. A passagem da informação para o exterior. E o exterior não é o concelho do lado nem a diáspora de cada um dos concelhos. Por motivos de saúde estou em Lisboa há uma semana e ainda não vi um (1) único anúncio da feira de turismo. Uma única referência a Beja, capital da região, por qualquer coisa que se passe aí. Nada. A única referência ao Alentejo em oito dias de depósito nesta cidade foi numa rádio local, para a semana dos Amigos da Mina de S. Domingos. De resto, nada. Ouve-se falar de Évora, de Portalegre, de Castelo Branco, de Mirandela, de Guimarães, do Gil Vicente… mas de Beja, da Planície Dourada, nada. ZERO. Assim como aqueles iogurtes para manter a linha. Ninguém sabe que existe. Não sei o programa da feira de Turismo… mas espero que um dos assuntos em discussão nos painéis de debates (há debates, não há?) seja exactamente esse da promoção. Da promoção de uma região que tem oferta para todos os 365 dias do ano e, acima de tudo, oferta de qualidade, de muita qualidade. É necessário Beja assumir a liderança deste processo de promoção. É urgente que se assuma como capital do império. É aí que está sedeada a Região de Turismo, as Associações de Municípios, os poucos subserviços regionais. É necessário que alguma coisa seja feita para mostrar que essa região não é só a ponte para o Algarve e o novo paraíso (agrícola) dos espanhóis.

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