De cada vez que regresso ao Alentejo tenho por hábito ir ao campo e embriagar-me de silêncio, espantar-me de lonjura, empanturrar-me de natureza e saciar-me de planície.
Até há pouco tempo era fácil fazê-lo na mais completa das solidões. Nos últimos anos tenho-me vindo a aperceber de um cada vez maior número de indivíduos que percorrem os mesmos caminhos que eu.
São regra geral estrangeiros. Gente culta e sensível que, com aparelhos sofisticados de visão à distância, aqui vêm contemplar uma das riquezas dos despidos campos destas paragens: a nossa avifauna.
Nas conversas que com eles ocasionalmente entabulei, para além da simpatia retribuída, notei-lhes sempre o prazer que tinham em aqui terem aportado.
A quantidade e variedade que os seus olhos podem alcançar são para estes observadores de aves um verdadeiro maná.
De entre tantas espécies aqui existentes, o avistamento de um bando de abetardas é para eles a grande recompensa do dia. Felizmente, as grandes aves da planície não são tão difíceis de vislumbrar, sendo a população destes indivíduos nos campos de Castro Verde uma das maiores colónias, senão mesmo a maior, existente em Portugal.
Nesta matéria há que destacar e louvar o trabalho desenvolvido pela Liga Para a Protecção da Natureza (LPN) nas herdades de sua propriedade e em especial na de Vale Gonçalinho, onde possuem o Centro de Educação Ambiental dedicado aos estudo das espécies indígenas, bem como ao acompanhamento em moldes turísticos desta nova geração de visitantes.
Alguns empreendimentos turísticos da região começam a acordar para esta realidade crescente. A própria autarquia de Castro Verde também tem feito um trabalho silencioso, mas decente, neste particular. Gostaria que ainda o promovessem mais. Que fossem mais ambiciosos. No meu modesto entender, pode estar aqui uma das chaves para a solidificação de alguma população, especialmente dos jovens, até porque falamos de turismo, de um turismo sustentado e sustentável.
Ainda ontem à noite, antes de escrever esta crónica, ao jantar num restaurante em Entradas reparei que dos poucos comensais aí presentes, duas das mesas vizinhas da minha acolhiam os tais observadores de aves com quem me havia deparado nessa tarde no campo. Dei comigo a pensar que, se calhar não estamos a prestar a importância devida a esta estirpe de visitantes.
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