Amor ao Litoral Alentejano

Quinta-feira, 17 Setembro, 2020

António Camilo

Vou tentar ser breve para o Paulo Barriga não vir depois com a ciumeira que o António José Brito me dá mais linhas do que a ele.
Até porque não quero correr o risco do Paulo, desta vez, ainda rebentar de tanto rir, porque nos faz falta enquanto amigo, jornalista e poeta (vejam e leiam “Sulitários”), porque é um alentejano dos quatro costados, e porque assim, passo a passo, ele vai rindo sem ser demais e, quem sabe, a partir deste seu reconhecimento pelo meu humor (que eu desconhecia ter, embora já suspeitasse dadas algumas reacções dos últimos tempos), eu arranje, depois de sair da Câmara de Odemira, um lugarzito na equipa dos Gatos Fedorentos ou, com sorte, nas Produções Fictícias
Mas vamos lá então, e da minha parte arguir, para acabar com este assunto:
A nossa “ garreia” amigável neste jornal, deriva apenas do conceito que cada um de nós tem do que deve ser o desenvolvimento desta terra, no que respeita ao turismo.
Tenho a certeza que ambos partilhamos o amor ao Baixo Alentejo e ao Litoral Alentejano, mesmo ao Alentejo, às nossas tradições e valores ancestrais, mas não, no concreto nessa vertente. E não creio estar a ser maximalista no que defendo.
O Paulo sabe, que se temos feito alguma coisa palpável em Odemira, tem sido cortar, cortar dezenas propostas que diariamente nos chegam com promessas de milhões de euros, de milhares de postos de trabalho, enfim da resolução infalível do futuro de Odemira e das sua gente. Por outras palavras o canto da sereia.
Delicadamente recusamos, já que sabemos o que queremos, mas sobretudo o que não queremos, e a “betonização” em “charuto” ou não com o correspondente “envidraçado” nos 57 Km de costa estão por completo fora de questão.
Mas a verdade é que o Protali-Plano Regional de Ordenamento do Alentejo Litoral tinha 12.000 camas para Odemira para o período 1993 a 2003 (vigência do Plano).
Fizemo-lo?
Não! Odemira permitiu cerca de 500 em 12 anos, todas em turismo rural, de natureza, casas de campo e duas ou três residenciais nas localidades.
Quanto aos empreendimentos turísticos que desesperam o Paulo, eles foram reduzidos ao mínimo possível para ser rentáveis, desceram as cérceas aos dois pisos em média e apenas um deles está activo na Faixa Litoral: Vila Formosa.
Os Aivados (Vila Nova de Milfontes) foram chumbados há anos e, para avançar, têm de ter um Plano de Pormenor prévio e reduzir em muito a sua ocupação. O Montinho da Ribeira, em Algoceira, situa-se já na Faixa Central a cerca de 20 Km da costa.
Eu acho que estes investimentos âncora são fundamentais para o concelho e para a região, porque nos trazem emprego e, por aí, melhores condições de vida às pessoas, sem a angústia permanente de cerca de dois meses de trabalho para as famílias e comércio do litoral. Sem perdas, o território suporta cerca de 4 ou 5.000 camas.
O enorme esforço nas infra-estruturas, na educação e nos tempos livres, não impediu que estejamos com 26.000 habitantes, quando já tivemos mais de 40.000. A juventude sai, na maioria, por falta de trabalho.
Paulo Barriga, este é o mínimo necessário para a nossa sustentabilidade, podendo eu dizer-lhe que esta terra nunca será o que porventura alimenta o seu medo.
Fui a jogo a três eleições com ele e julgo que se já provei alguma coisa foi ser coerente e não permitir chafurdisses em Odemira.
Um abraço e ponto final

<b>PS:</b> Soube pelo nosso comum amigo dr. Flamínio Roza que está no Conselho da Fundação Alentejo Terra Mãe. Foi uma boa escolha e por isso os meus parabéns.

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