Confesso que não é um tema sobre o qual me agrade falar, tal é o grau de inquietação que em mim provoca, todo este triste romance que se foi desfiando ao longo de penosos oito anos, desde que foi conhecida a situação, ou melhor, desde que a impressa se interessou por esta questão, mas manifestamente o caso Casa Pia todos os dias nos entrou pela casa dentro através da comunicação social. E agora mais, com o despacho da sentença transmitida em directo pelos canais televisivos.
Devo também dizer, em abono da verdade, que nunca pensei que houvesse um sentença tão forte, tal é também o grau de desconfiança que temos para com a justiça portuguesa.
Por outro lado, devo também dizer, que dadas as pessoas envolvidas, o mediatismo de todo o processo foi sempre sendo colocado na praça pública, o que fazia prever um desfecho diferente para este acontecimento.
Ouvi o “Prós e Contras” da RTP 1 e fiquei manifestamente incomodado com muito do que ali foi dito e redito por vários personagens do processo, começando pelo sr. Carlos Cruz e terminando no sr. Adelino Granja, advogado de um dos rapazes da Casa Pia.
O que mais me incomodou foi, e é, a frieza com que se trata este problema e, sobretudo, a frieza com que se tratam as vítimas da Casa Pia. Rapazes, crianças que forma maltratadas, abusadas sexualmente e não só, e cujas mazelas ao longo da vida jamais desaparecerão.
Frieza, porque muitos dirigentes da Casa Pia, ao longo dos anos, parecem nada ter feito para acabar com este flagelo. Frieza e indiferença pela forma como esta instituição tratou este caso, que só depois da denúncia pública se pareceu preocupar com as crianças.
Frieza e indiferença com que a sociedade aceita esta plêiade de agressões e que também só depois de uma denúncia forte se sente com sede de justiça.
Frieza e indiferença, finalmente, dos dirigentes, ou melhor de alguns dirigentes da Casa Pia, que terão feito “orelhas moucas” às denúncias que, ao longo dos anos, foram apresentadas pelos alunos.
Ontem ouvi, vi e não gostei, nem do que vi, mas sobretudo do que ouvi, da parte dos intervenientes do “Prós e Contras”.
Não gostei de algumas afirmações de Marinho Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados, nomeadamente do grau das penas aplicadas. Falar disso sem conhecer o processo parece-me excessivo.
Não gostei do sr. Carlos Cruz, mais uma vez, por se estar a expor desta forma, mas isso é lá com ele.
Não gostei do sr, Adelino Granja, que em meu entender veio prestar má informação, sobretudo quando afirmou que os verdadeiros culpados não se sentaram no banco dos réus. Quem? Era importante saber-se.
Não gostei de muitas informações ali prestadas. Gostei sobretudo da atitude serena e responsável do juiz Rangel.
Daquilo que ali foi dito e reafirmado, resulta em meu entender uma grande confusão.
Fiquei, e creio que muita gente também, com muitas dúvidas sobre todo o processo, sobre a investigação e os depoimentos prestados.
Uma dúvida me assalta.
O julgamento foi ou não justo?
As penas são ou não legítimas?
Passados seis anos de julgamento, alguém disse que a justiça tardia não parece justiça.
O meu julgamento pessoal é que se são culpados que paguem os crimes.

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