Hoje chega a Portugal um homem que admiro profundamente. Falo de Jorge Bergoglio, o revolucionário Papa Francisco.
Ora isto vindo da boca de um agnóstico tresanda a incongruência.
Sim! Assumo-me agnóstico e incongruente!
Assumidas fraquezas e franquezas, não posso deixar de dizer que Francisco foi a melhor coisa que aconteceu à Igreja Católica nos últimos tempos.
Infelizmente, não fui contemplado com o dom da fé religiosa!
Tenho profunda admiração por aqueles que se deslocam a pé dos vários pontos do país até ao santuário de Fátima, para aí, serem atendidos nas suas preces, especialmente em ano do centenário das aparições e, ainda por cima, com a presença do representante de Deus na terra.
A malfadada da minha noção de lógica não me permite acreditar no que creem esses milhares de peregrinos que, vencendo dores, bolhas, quilómetros e cansaços aportam a Fátima com um sorriso de júbilo digno da minha saudável inveja.
Bem sei que me responderão que isto nada tem a ver com lógica. Que é simples. Que, ou se crê, ou não se crê. Pois bem: Eu, por mais que tente… não consigo acreditar!
Isto remete-me para um episódio de banda desenhada que li há muitos anos num dos célebres álbuns da coleção Astérix e Obélix , no caso presente: Asterix e os Normandos.
Contava a história que esses bárbaros Normandos, desconhecedores do medo, teriam descido até à Gália para desvendarem o segredo de voar. Acreditavam que para ver o mundo como os pássaros o vêem era preciso recear e quanto mais pavor, melhor se podia voar.
Ao depararem-se um imprudente aldeão, este quase se borrava de medo ao confrontar-se com tais grosseiras figuras.
O pavor estava-lhe marcado no rosto. O corpo não lhe obedecia às ordens para fugir. Não conseguia articular palavra. O suor corria-lhe em bica pela fronte. Enfim, na ótica dos invasores, estavam na presença do: Campeão do Medo.
Com este invulgar espécime entre mãos cedo cantaram vitória. Estavam convencidos que se lhe conseguissem extrair a fórmula do medo, conseguiriam ganhar asas.
Como os gauleses só tinham medo de uma coisa: que o céu lhes caísse em cima da cabeça, foram os brutamontes, como era de prever, mal sucedidos.
Ao aproximarem-se, Asterix e Obelix infligiram-lhes tal bordoada que os bárbaros do norte experimentaram pela primeira vez o mesmo sentimento de pavor que tinham imposto ao pobre aldeão.
Derrotados, mas convencidos que já sabiam voar, não lhes restou alternativa senão experimentarem fazê-lo do alto do precipício onde decorria a contenda com o resultado previsível que se pode imaginar.
Não sei porquê, ou se calhar sei, encontrei nesta estória um certo paralelismo com aquela com que comecei esta crónica.

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