Transição “cara”

Carlos Pinto

JORNALISTA | DIRECTOR DO "CA"

Desde o início do ano que todos temos vindo a sentir na “pele” – ou melhor, na carteira – o aumento do custo dos combustíveis em Portugal. Uma questão que tem estado no topo da “agenda mediática” das últimas semanas, marcadas por uma escalada de preços que fez com que, em Beja, o preço da gasolina tenha inclusive chegado a uns impensáveis dois euros.
A escalada do preço do crude é uma das causas por estes aumentos, mas a carga fiscal associada a cada litro de combustível acaba por ser a maior responsável pela elevada fatura que pagamos no final de cada abastecimento.
A situação chegou a tal ponto que o Governo acabou por ter de intervir nos imposto dos combustíveis, ainda que o ministro do Ambiente e da Ação Climática continue a afirmar – como fez esta semana no Parlamento – que “só mesmo quem produz, distribui e comercializa o petróleo e seus derivados é responsável pelo aumento do preço dos combustíveis”.
Garantem os principais responsáveis, políticos e ambientais, que este aumento no preço dos combustíveis fósseis é o “custo” a pagar pela desejada transição energética e pela ambicionada descarbonização da economia. Mas este é um custo demasiado pesado!
Porque o que estes responsáveis parecem não perceber é que este é um custo que não pode ser repartido da mesma forma por todos. A título de exemplo: dizer que este aumento de combustíveis estimula a utilização de transportes públicos é esquecer que no interior isso é (muito) pouco viável. E como aguentam as transportadoras (essenciais para a economia digital) e outras empresas? Ou, mais simplesmente, a agricultura, onde o preço do gasóleo verde é um fator de produção com um dos maiores custos?
São estas questões que quem de direito deve levar em linha de conta na avaliação deste problema. Que se faça a transição energética, mas que esta não coloque em causa tudo o resto. Caso contrário, haverá elevados custos… económicos, sociais e políticos!

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