Os agricultores do Baixo Alentejo reconhecem que a forte precipitação deste mês de março foi positiva, embora devesse ter vindo de forma “mais compassada”, mas alertam que o problema da seca na região não acabou.
Para o presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB), de Castro Verde, António Aires, “em termos de armazenamento de água e reposição dos aquíferos”, este “tem sido um ano extraordinário”.
“Fazia mesmo falta um ano destes, mas gostávamos que isto fosse compassado, porque neste momento está tudo com muita água”, continua o dirigente agrícola, esperando que “nos meses de abril e maio não falte a água, que é fundamental nessa altura e nestas regiões de sequeiro”.
Também o presidente da ACOS – Agricultores do Sul, de Beja, Rui Garrido, reconhece que a chuva das últimas semanas foi “extraordinária” para uma região onde as “reservas hídricas estavam mesmo pelas ‘ruas da amargura’”, permitindo “repor grande parte ou mesmo a totalidade destas reservas”.
Ainda assim, e no caso concreto do sequeiro, Rui Garrido afiança que, “se calhar”, para as culturas de outono-inverno já foi “água a mais”.
“Se repararmos, em alguns trigos, cevadas, aveias e outras forragens, também nos barros de Beja, já se vê tudo amarelo, porque há asfixia radicular e as plantas entram em défice e começam a ficar amarelas”, justifica.
Ainda assim, o presidente da ACOS faz um “balanço global positivo”, porque foi possível “repor as reservas de água”. “E temos de armazenar ao máximo o que pudermos, […] porque o problema da seca não acabou”, acrescenta, defendendo a construção de “pequenos regadios de apoio à pecuária extensiva”.
“É um investimento fundamental!”, conclui.