Cônsul-geral de Portugal em Toronto. “Casa do Alentejo de Toronto é muito respeitada entre toda a comunidade”

Natural de Castro Verde, Joaquim do Rosário é o responsável pelo Consulado de Portugal em Toronto e afirma ao “CA” que a comunidade portuguesa é muito prestigiada na metrópole canadiana.

Como é que um castrense chega a cônsul de Portugal em Toronto?

[risos] São as circunstâncias da vida! Saí de Castro Verde com 18 anos e fui para Lisboa, trabalhar e estudar. Lá fiz a minha vida profissional e estudantil, licenciei-me em Direito e fiz a minha carreira profissional no Ministério dos Negócios Estrangeiros. Em 2001 saí pela primeira vez para o estrangeiro, estive em Brasília, depois noutros países, voltei ao Brasil para a Amazónia, de onde segui diretamente para Paris. E desde maio que estou aqui [em Toronto]. Tenho estado junto das grandes comunidades portuguesas no mundo e agora estou em Toronto, onde tenho o privilégio de ver uma Casa do Alentejo que “manda” muito.

Que comunidade portuguesa (e alentejana) encontrou aqui em Toronto? Uma comunidade ativa e participativa na sociedade canadiana?

Sem dúvida que sim! A comunidade portuguesa em Toronto é muito ativa, não só na divulgação dos valores e da cultura portuguesa, mas também na construção desta cidade e do Canadá. Por onde andamos temos o testemunho e as evidências do contributo que a comunidade portuguesa tem dado para a construção do Canadá, nomeadamente na minha área consular, a maior do Canadá. A comunidade portuguesa em Toronto está muito bem integrada na sociedade canadiana, é muito prestigiada e muito respeitada. E, de facto, há razões para que assim seja, porque tem dado um contributo muito importante para este país e para esta sociedade, ao mesmo tempo que não perde os seus valores e a importância das suas origens, mantendo viva e pujante a cultura portuguesa.

“A comunidade portuguesa em Toronto é muito ativa, não só na divulgação dos valores e da cultura portuguesa, mas também na construção desta cidade e do Canadá.”

Que papel tem a Casa do Alentejo em tudo isso?

A Casa do Alentejo é uma das associações mais importantes da nossa comunidade. É uma associação com uma longa tradição, com muito prestígio e muito respeitada entre toda a comunidade. E o facto de ela ter trazido, nesta Semana Cultural, Castro Verde e ter tido como ‘alma’ uma ilustre castrense, Rosa Contreiras, é para mim motivo de orgulho.

Enquanto cônsul de Portugal em Toronto, qual o maior desafio que tem pela frente junto de uma comunidade que já tem gerações?

O nosso grande desafio é dar resposta às necessidades da comunidade, porque quanto à manutenção das tradições e da cultura, a própria comunidade encarrega-se disso. Os principais desafios são, de facto, dar resposta à nossa comunidade face a novas solicitações, porque a comunidade é um pouquinho diferente do que era há uns anos atrás e as necessidades também são diferentes.

E quais são?

Neste momento, estamos a assistir a um ‘boom’ de pedidos de nacionalidade portuguesa por parte daqueles que cá nasceram e não foram registados como portugueses. E agora, como Portugal está ‘na moda’ – e eles de facto começaram a perceber que Portugal está numa nova fase e está um país muito interessante –, estamos a assistir a um aumento de pedidos de nacionalidade portuguesa.

“Pode não acreditar, mas as saudades que mais sinto [de Castro Verde] é do cheiro do restolho ao final do dia e do luar de agosto.”

É um castrense que tem andado pelo mundo. Do que sente mais saudades de Castro Verde?

[risos] Pode não acreditar, mas as saudades que mais sinto é do cheiro do restolho ao final do dia e do luar de agosto. A última vez que fui a Castro Verde foi há um ano, pela feira…

Continua a guardar essas memórias da infância, da feira e tudo o mais?

Claro que sim e mantenho uma grande ligação a Castro Verde, pois tenho lá família e vou sempre que posso. E o que mais nos marca é aquilo com que contactamos na nossa infância e na nossa juventude. E Castro Verde marcou-me muito, não sai de mim onde quer que esteja.

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