É oficial: o consórcio formado pelas petrolíferas GALP (Portugal) e ENI (Itália) desistiu do projecto de prospecção de petróleo ao largo do Litoral Alentejano. A garantia foi dada nesta segunda-feira, 29, pela empresa portuguesa em comunicado, referindo ser "objectivamente impossível" prosseguir com as actividades de exploração.
"A GALP e a ENI tomaram a decisão de abandonar o projecto de exploração de fronteira na bacia do Alentejo. Apesar de lamentarmos a impossibilidade de avaliar o potencial de recursos offshore do país, as condições existentes tornaram objetivamente impossível prosseguir as atividades de exploração", sublinha o mesmo comunicado.
Para o deputado do PS eleito por Beja trata-se de “uma decisão sensata, que resulta da luta de muitos para que a ameaça sobre a costa vicentina e sobre o mar alentejano fosse combatida e eliminada”.
“É uma decisão em convergência com o desenvolvimento sustentável que queremos, com uma economia assente cada vez mais em energias limpas e na valorização das marcas da nossa identidade, onde inscrevemos o território da costa alentejana”, nota Pedro do Carmo em comunicado, lembrandi que sempre se assumiu “contra a possibilidade da prospecção de petróleo e de gás na costa alentejana”, por várias vezes “em divergência com as opções governativas e partidárias”.
“Sublinho que esta opção por um futuro diferente, mais assente nas renováveis do que nos retrocessos dos combustíveis fósseis, implicará sempre muita vigilância e determinação na afirmação das nossas convicções. Afinal, bater-nos pelo melhor para a nossa terra nunca foi fácil. Mas é sempre esse o caminho”, acrescenta Pedro do Carmo.
Também o delegado distrital da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE) se congratula com a notícia, considerando que “esta foi uma decisão sensata por parte dos investidores” e que “traz uma grande satisfação e alegria”.
“Estivemos ao lado dos autarcas e das populações, assumindo uma luta contra este projecto, pelo que acreditamos que esta decisão foi uma enorme vitória para todos os que lutaram por esta causa”, reforça Vítor Besugo.
Recorde-se que a concessão que GALP e ENI tinham para a prospecção de petróleo a cerca de 50 quilómetros da costa do Alentejo Litoral terminava no final de Janeiro de 2019. O consórcio contava avançar com o projecto entre os meses de Setembro e Outubro de 2018, mas o facto de o Tribunal Administrativo e Fiscal de Loulé ter deferido, em Agosto, uma providência cautelar interposta pela Plataforma Algarve Livre de Petróleo, suspendendo a licença, acabou por impedir qualquer trabalho.
O projecto, que cai agora por terra, foi sempre bastante contestado no Alentejo Litoral, tanto por autarcas como por empresários e ambientalistas.
