“Até ao verão, Castro Verde vai ter uma rede de estradas de grande qualidade”

Em entrevista ao “CA”, o autarca António José Brito dá a conhecer os projetos em curso e previstos para o concelho de Castro Verde, lamentando que não haja fundos europeus para apoiar investimentos necessários na área das acessibilidades, da educação e da habitação.

A Câmara de Castro Verde definiu a requalificação urbana e de estradas municipais como as prioridades para 2025. Porquê?

Não são as únicas prioridades, mas concordo que estão na “linha da frente”. Desde logo porque, no caso das estradas, o estado geral das vias não era bom, criando insegurança na circulação. Na área da requalificação urbana, basicamente estamos a tornar o concelho ainda mais atrativo e funcional no plano público. Mas chamo a atenção para setores como a Educação – temos agora uma Escola Secundária excelente e vamos ter ensino superior no concelho –, a Ação Social – e o projeto “Castro Verde XXI” é exemplar! – ou a Cultura e o Desporto. São igualmente áreas prioritárias e com resultados à vista de todos.

No caso da requalificação urbana, que obras estão previstas para este ano?

Neste momento, está a avançar a requalificação do Jardim e Parque de Merendas da Sete, que é uma obra muito importante na aldeia, porque vai melhorar muito a qualidade de vida e bem-estar da população. Por outro lado, vai começar a obra de construção do Jardim dos Sentidos, em toda a zona envolvente do Centro Escolar Dr. Francisco Alegre, em Castro Verde. A empreitada está adjudicada e representa cerca de 500.000 euros de investimento para criar um lugar de excelência no centro da vila. Também já está adjudicada a requalificação da Rua Gonçalves Correia, em São Marcos da Ataboeira, num projeto que vai valorizar muito o eixo principal da aldeia.

Referiu o Jardim dos Sentidos, que foi uma das propostas vencedoras do OP em 2022. Qual poderá ser a mais-valia deste projeto para Castro Verde?

Será um espaço verde muito diferenciador e de grande qualidade urbana e para usufruto das famílias. Desde logo, porque a natureza do projeto aponta para a valorização e apelo aos cinco sentidos (tato, olfato, visão, audição e paladar) e isso convocará o visitante para uma série de experiências. Será seguramente um jardim muito bonito e moderno para as pessoas poderem desfrutar.

Relativamente às estradas municipais, quais serão requalificadas em 2025?

A Câmara Municipal tem um “envelope” de projetos de requalificação que é muito importante. Depois da estrada de Santa Bárbara e da mina, concluída em setembro de 2020, no atual mandato requalificou-se a estrada de Casével e estão em curso as ligações à Sete, A-do-Corvo, Viseus, Guerreiro e Figueirinha. Em breve vão também avançar a ligação entre Entradas e Carregueiro e as estradas dos Geraldos e das Piçarras. Julgo que é uma evolução muito grande na rede de estradas em todo o concelho. Globalmente estamos a falar de investimento, sem apoio de fundo comunitários, na ordem dos quatro milhões de euros em cinco anos. Até ao verão, o concelho de Castro Verde vai ter uma rede de estradas de grande qualidade.

“É público que queremos atrair investimentos no setor logístico, disponibilizando lotes com maiores dimensões.”

Os investimentos em estradas raramente têm cofinanciamento comunitário. De que forma tem a CMCV “contornado” esta dificuldade?

Recorremos a empréstimos bancários. Só desse modo foi possível fazer estas obras. Evidentemente que foi e continua a ser um enorme erro não haver apoio de fundos comunitários para obras nas estradas. E esta opinião é partilhada pela generalidade dos autarcas do interior do país, onde estes investimentos são muito necessários e frequentes.

A nova Zona Empresarial de Castro Verde (ZECV) tem praticamente todos os lotes vendidos. 2025 será o ano de começarem a surgir os primeiros investimentos no local?

Estamos certos de que sim! Dos 32 lotes inicialmente disponíveis, só restam quatro para vender. Neste momento, muitos investidores estão a elaborar e a concluir os respetivos projetos para submeterem à Câmara. O processo é moroso, mas será um grande impulso para o desenvolvimento económico de Castro Verde.

Face à procura que houve por lotes na ZECV, está nos planos da autarquia a ampliação desta infraestrutura?

Temos terreno nas imediações que permitirá fazer esse caminho. Avançaremos com ponderação, mas, obviamente, essa ideia está planeada. É público que queremos atrair investimentos no setor logístico, disponibilizando lotes com maiores dimensões.

A Câmara Municipal assumiu em tempos a ambição de construir uma nova creche e jardim-de-infância. Em que ponto se encontra esta pretensão?

Temos o projeto concluído e pronto para avançar, mas não temos dinheiro. A nossa expetativa era ter fundos europeus, mas, num país onde falta esta resposta pública em todo o lado para as famílias, no PRR e no Portugal 2030 parece não ser prioritário construir ainda mais creches e jardins de infância. Acho isto inaceitável e incompreensível, sobretudo quando, mais uma vez, o interior do país não mereceu a atenção devida. Tratando-se de uma resposta pública que faz tanta falta para apoiar as famílias, fomentar a natalidade e contrariar a crise demográfica, é inexplicável que não haja mais financiamento para estes projetos.  

“É preciso uma maior sensibilização dos cidadãos, que têm de ‘fazer equipa’ com os serviços da Câmara Municipal” na questão da higiene urbana.

O edifício da EB 2,3 Dr. António Francisco Colaço consta do mapeamento realizado pelo Ministério da Educação como tendo necessidade de ser requalificado. Há expectativas de haver obras em breve neste estabelecimento?

A situação é a mesma da creche e jardim-de-infância. Temos o projeto pronto e em condições para avançar, mas não há financiamento. Sem dinheiro, para já, não conseguimos avançar com a obra.

Em que ponto se encontra o processo de requalificação do Centro de Saúde e SUB de Castro Verde?

Tem sido um processo muito complexo. O financiamento está assegurado por via do PRR, mas estamos a trabalhar em “contrarrelógio”. É preciso concluir o projeto e, depois, avançar com o concurso e lançar a empreitada. Continuará a ser um caminho muito exigente.

Haverá possibilidade haver obras já em 2025?

Há muitos imponderáveis que podem contrariar a nossa vontade. Acreditamos que, correndo tudo bem, haverá obras em 2025! Mas tem de correr tudo bem e sem percalços. E isso não conseguimos prever com rigor. Aliás, aproveito para sublinhar que, na área da saúde, estimamos lançar concurso de empreitada do Posto Médico de Casével ainda durante o primeiro trimestre deste ano.

Em Portugal verifica-se uma crise na área da Habitação. A Câmara de Castro Verde tem algum tipo de investimento previsto nesta área para 2025, eventualmente através da sua Estratégia Local de Habitação?

Estamos a elaborar projetos há algum tempo e, consecutivamente, queremos fazer o caminho necessário. Também neste caso, o financiamento pode ser difícil. Julgamos que o problema da habitação é demasiado sério e, quanto a nós, a sua resolução, seja com quem for, terá de ser muito prioritária no próximo mandato autárquico.

“Dizem que Castro Verde é uma referência na região e isso só pode ser motivo de contentamento para todos os castrenses!”

A questão da higiene urbana tem sido uma aposta do município. Sente que a evolução tem sido evidente?

É um setor muito complicado e exigente. Creio que evoluímos muito, mas, sendo francos, este trabalho está sempre inacabado. Acreditamos que é preciso uma maior sensibilização dos cidadãos, que têm de “fazer equipa” com os serviços da Câmara Municipal. Isso poderá ajudar a termos uma situação ainda melhor.

Em 2025 serão transferidos para as juntas de freguesia quase 724 mil euros do orçamento municipal. Porquê?

A Câmara de Castro Verde é um exemplo a esse nível! Com este apoio financeiro conseguimos uma descentralização importante dos serviços e, consequentemente, respostas com maior proximidade para toda a população. 

Qual o quadro financeiro da Câmara de Castro Verde nesta altura?

O tempo das boas receitas de Derrama já lá vai. Hoje não temos folga financeira e a situação é todos os dias muito exigente. Mas a população de todo o concelho pode avaliar o trabalho que temos feito, que está em curso ou vai começar. Sinto que, com tanta exigência financeira, temos resultados que nos orgulham. Dizem que Castro Verde é uma referência na região e isso só pode ser motivo de contentamento para todos os castrenses!

Vamos ter eleições Autárquicas em 2025. Vai ser recandidato a um terceiro mandato?

Falta algum tempo para terminar o mandato e temos muito trabalho para fazer. Neste momento, tudo está em aberto porque, felizmente, o PS tem bons quadros que estão à altura de assumir essa responsabilidade.

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Correio Alentejo

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