Muitos portugueses que procuram as zonas balneares de Odemira, no Litoral Alentejano, para passar as férias optam por arrendar quarto ou casa, por ficar mais barato, mas mesmo este negócio parece estar a sentir os efeitos da crise.
Maria Coelho, 35 anos, do Porto, há três anos que passa as férias com a família em Zambujeira do Mar, um local que considera “bonito” e que oferece atractivos para todos.
Com duas filhas pequenas, optou “claramente” por arrendar casa, não só pela “facilidade” de poder preparar as refeições e lavar a roupa das crianças, podendo viajar com “menos coisas”, mas também por ser “mais económico”.
A família de quatro pessoas paga 900 euros por uma estadia de 15 dias numa casa com duas assoalhadas, o que representa um custo diário por pessoa de 15 euros, mas, assegura, onde está a maior poupança é na alimentação.
“Seria bastante oneroso fazer as refeições todas fora de casa”, explica Maria Coelho, acrescentando que, nesse caso, “se calhar” ficaria “só uma semana”.
Para Hélder Ledo, presidente da Junta de Freguesia de Zambujeira do Mar, este tipo de turismo “contribui positivamente” para o desenvolvimento da economia local, sobretudo do comércio.
Traçando o perfil do negócio na localidade, diz que as rendas representam um “complemento” para as “reformas bastante baixas” dos habitantes.
Contudo, sabe que a actividade já não goza das facilidades de outrora, quando “as pessoas se davam ao luxo de alugar casa por um mês”.
Agora, a “crise” leva a que os veraneantes “façam estadias menos prolongadas, de 15 dias ou uma semana”.
Nuno Gusmão, que se dedica ao arrendamento de imóveis como empresário em nome individual, em Vila Nova de Milfontes, há cerca de cinco anos, é testemunha deste fenómeno.
Não considera haver uma diminuição da procura, mas os turistas “encurtam as estadias”, além de negociarem mais os preços.
Proprietário de imóveis recentes, construídos propositadamente para o arrendamento turístico e em que um quarto pode custar entre 50 e 60 euros por dia durante a época alta, refere que quem procura alojamento “começa a não dar valor à qualidade, optando por casas com piores condições ou anexos por uma diferença [de preço] mínima”.
“As contas que as pessoas fazem é que se pouparem cinco euros por dia, ao fim de uma semana poupam o suficiente para ficarem mais um dia”, explica.
A qualidade do alojamento, garantias e direitos dos turistas são as questões mais sensíveis neste negócio, contudo, a fiscalização parece ser pouca ou inexistente.
Há cerca de três anos, foram publicadas portarias que regulam o regime de alojamento local, nos quais as casas e quartos para arrendamento se incluem.
É da competência das autarquias o registo e vistoria deste tipo de estabelecimentos, até 60 dias após o pedido dos proprietários, mas a fiscalização da actividade cabe à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE).
Segundo José Gabriel, presidente da Junta de Freguesia de Vila Nova de Milfontes, na localidade “já há casos de alojamento local com muita qualidade”, mas lembra que a iniciativa “tem de partir dos proprietários”.
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