Em entrevista ao “CA”, o presidente da Câmara de Ourique, Marcelo Guerreiro, dá a conhecer alguns dos projetos em curso e previstos para o concelho, garantindo que, neste momento, não pensa nas eleições Autárquicas que se realizam este ano.
A Câmara de Ourique vai avançar com a construção de um novo Centro Empresarial (CEO). Em que ponto está o projeto?
Trata-se de um projeto estruturante para o concelho e temos vindo a trabalhar ao longo dos últimos anos no mesmo. Neste momento, está a ser elaborado o projeto de execução do CEO. Temos verbas sinalizadas no âmbito do [programa] Alentejo 2030 para execução da obra e o próximo passo é concluir o trabalho de projeto de execução, para estarmos em condições de lançar a empreitada de construção do novo CEO, que será certamente uma obra estruturante para o desenvolvimento económico e social do concelho.
Poderá haver obras já este ano?
A nossa expectativa é que todos os passos possam ser dados o mais rápido possível. É sempre preciso termos prudência, para não criarmos falsas expectativas e falarmos de forma séria em relação àquilo que são os horizontes temporais. Neste momento, adjudicámos a elaboração do projeto de execução, que está em curso e tem um prazo de duração de 180 dias, terminando a meio deste ano. Quando tivermos o projeto de execução pronto, o passo seguinte será lançarmos o concurso público para a empreitada.
Que tipo de empresas quererão atrair para o CEO?
Há naturalmente áreas que temos em vista, nomeadamente ligadas à agroindústria e àquilo que é a resposta às produções locais. Mas depois estaremos naturalmente abertos a outro tipo de empresas que se queiram fixar… Se calhar, nunca pensámos que iríamos ter uma empresa de produção de blocos de cânhamo no concelho. Mas foi uma oportunidade que surgiu e que está neste momento em fase de conclusão. Por isso, vai ser um centro empresarial de “portas abertas” àquilo que são as atividades ligadas ao nosso mundo rural, quer a outro tipo de indústrias e atividades económicas que possam vir a surgir.
“Era essencial que a ligação Alqueva-Monte da Rocha fosse executada, sendo um investimento público que mobilizou Ourique e a região.”
Referiu o investimento da Canhâmor a avançar em Garvão, a par de um outro na zona de Panóias ligado à produção de canábis com fins medicinais. São projetos importantes para reforçar o tecido económico local, até por surgirem em freguesias “rurais” e não na sede de concelho?
Claro que são investimentos importantes, pois fixam quadros técnicos superiores e criam impacto económico. E criando postos de trabalho geram riqueza e condições para a fixação de população, o que naturalmente nos deixa muito satisfeitos.
Que investimentos serão realizados em 2025 no âmbito da vossa Estratégia Local de Habitação (ELH)?
A ELH tem sido um projeto em que temos vindo a trabalhar, com várias fases, e 2025 é um ano que vai ficar marcado pela execução de obra! Neste momento, temos em execução a requalificação do Bairro do Rosal, com 39 fogos. E vamos aumentar a oferta de habitação no concelho, tendo já em execução a adaptação de um edifício no centro da vila para cinco novos fogos. A par disso, temos outros projetos que não têm ainda financiamento, mas que estamos prontos a avançar, nomeadamente uma casa no centro da vila de Ourique, outrora propriedade do Ministério da Administração Interna e atualmente propriedade do município, onde temos projeto pronto para lançar em concurso público, assim haja financiamento. Temos um outro [projeto] para o antigo edifício da Segurança Social, pronto para avançar para obra assim haja financiamento. E depois adquirimos um terreno junto a Ourique, para aumentar a oferta de lotes para habitação. Estamos agora a trabalhar neste processo, para podermos ter condições para o urbanizar. Por isso, a habitação é um tema que tem estado em cima da mesa nos últimos anos e a que demos uma prioridade muito grande. Os primeiros projetos estão neste momento a entrar em obra, para poder reforçar essa oferta e a melhoria das habitações.
Qual o valor de investimento previsto para os projetos que têm já em curso?
Deve superar os 2,5 milhões de euros aprovados juntos do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência]. Trata-se de um investimento avultado e muito significativo. E estamos em condições de lançar mais [obra], assim haja recursos financeiros para o poder executar.
“A perspetiva é muito boa relativamente ao desenvolvimento turístico no nosso território e no nosso concelho.”
Quando poderá estar a funcionar novo Centro de Saúde de Ourique, obra da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) que era há muito revindicada pelos ouriquenses?
Não é uma obra da responsabilidade direta do município, mas foi o município a “puxar” sempre por ela e a conseguir que a mesma viesse a ser realidade! Deixa-nos muito satisfeitos ver o novo Centro de Saúde a “crescer”, porque durante muito tempo foi uma reivindicação pela qual batalhámos muito. Recordo-me de alguns descredibilizarem esse processo quando falávamos do novo Centro de Saúde de Ourique, mas a verdade é que estávamos a trabalhar em prol da população e hoje está prestes a ser uma realidade. Está previsto durante este ano ficar concluído e entrar em funcionamento.
E para quando as obras da Extensão de Saúde de Garvão, que já têm financiamento garantido?
Vamos ter obras na Extensão de Saúde de Garvão e também na Extensão de Saúde de Panóias, sendo que esta última será uma responsabilidade da ULSBA. No que diz respeito a Panóias, disponibilizámos um edifício à ULSBA, para que possa avançar com o processo, assim como o projeto de execução, para que possa lançar o concurso de empreitada. Relativamente a Garvão, será total responsabilidade do município avançar com essa obra. Já lançámos concurso para elaboração do projeto de execução e contamos, no mês de abril, lançar o concurso público para a empreitada de adaptação do antigo edifício do jardim de infância a extensão de saúde. Ambas [as obras] têm financiamento no âmbito do PRR.
Na área da Educação, requalificaram a Escola Básica (EB) 2,3/Secundária e criaram a nova Oficina Lúdico-Pedagógica. Há novos investimentos previstos nesta área em 2025?
E antes disso já tinha sido construído o Jardim de Infância de Ourique e requalificado o Centro Escolar de Ourique! O próximo passo é a requalificação do Jardim de Infância e EB1 de Santana da Serra. Neste momento, está a ser elaborado o projeto de execução, para depois poder ser lançada a empreitada, tendo em vista termos financiamento do Alentejo 2030.
“Deixa-nos muito satisfeitos ver o novo Centro de Saúde a ‘crescer’, porque durante muito tempo foi uma reivindicação pela qual batalhámos muito.”
Já sabe quando abre o novo hotel de cinco estrelas na Herdade da Torre Vã?
Trata-se de um projeto privado que está numa fase muito adiantada e que vem reforçar muito significativamente a oferta turística no nosso concelho, assim como elevar a qualidade dessa mesma oferta. O Turismo tem assumido uma importância maior nos últimos anos e este projeto acaba por ser o de maior relevo, mas existem outros em turismos rurais que são muito significativos e que reforçam a qualidade da oferta turística no nosso concelho. Neste momento, o Monte do Alento tem também um investimento muito significativo de expansão da sua oferta e que vai reforçar também muito aquele que é um alojamento de grande qualidade e excelência. Por isso, há aqui um conjunto de investimentos – tanto nos alojamentos locais como nos turismos em espaço rural – que reforçam muito a oferta no concelho de Ourique e que nos deixam boas perspetivas para que nos próximos anos o turismo se afirme ainda mais como atividade importante para o território e para a região.
Sente que o Turismo tem vindo a ganhar “terreno” na economia do concelho?
Sem dúvida que sim! Há 10 ou 15 anos, a procura e a oferta turística eram praticamente nulas no território e hoje não. Hoje, o nosso território começa a estar repleto de investimentos em turismos em espaços rurais e de muitos alojamentos locais. Portanto, a perspetiva é muito boa relativamente ao desenvolvimento turístico no nosso território e no nosso concelho.
A ligação Monte da Rocha-Alqueva, via Roxo, está a avançar. Qual a sua importância para o concelho?
É claramente uma obra estruturante para a região. Era essencial que a mesma fosse executada, sendo um investimento público que mobilizou Ourique e a região. Neste momento, a obra está em plena execução e esperemos que em 2026 já exista água do Alqueva no Monte da Rocha, o que virá garantir duas coisas fundamentais. Desde logo, em termos de abastecimento público, a salvaguarda do abastecimento a Ourique e aos concelhos limítrofes. E depois vem impulsionar o desenvolvimento económico da região, garantindo água ao atual perímetro de rega do Monte da Rocha e criando um novo perímetro de rega na União de Freguesias de Panóias e Conceição – e também de Messejana, no concelho de Aljustrel.
“Novo Centro Empresarial de Ourique será certamente uma obra estruturante para o desenvolvimento económico e social do concelho.”
Pretendem implementar um Plano Municipal de Ação Climática (PMAC). Com que objetivos?
No fundo, esse plano vai criar um conjunto de iniciativas e medidas de adaptação às alterações climáticas. Todo o território tem de estar disponível para se adaptar e também fazer a sua “quota parte”! Ainda há muito para ser feito quer em termos de mobilidade, de consumo energético ou de um conjunto muito vasto de iniciativas e medidas que devem ser tomadas e executadas ao longo dos anos. Para isso, é necessário planeamento, daí este PMAC, que irá refletir esse conjunto de preocupações e um conjunto de soluções.